Por gabriela.mattos
Livro de ocorrência de hospital mostra que Paes ameaçou demitir médicaDivulgação

Rio - O livro de ocorrências do Hospital Municipal Lourenço Jorge, divulgado nesta terça-feira, mostrou que o prefeito Eduardo Paes (PMDB) ameaçou demitir a médica que atendeu seu filho no último domingo na unidade, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Segundo o documento, ele foi "bastante grosseiro" e "começou a gritar de forma ríspida" na ocasião.

Paes foi ao hospital após o seu filho cair durante um jogo de hóquei. No entanto, o prefeito não teria gostado do atendimento dado no hospital. De acordo com o livro de ocorrências, ele teria dito "que a médica não sabia fazer o atendimento, e que ele agora não estava falando como cidadão, e sim como prefeito, seu patrão".

Além disso, a profissional teria ficado "sem graça e constrangida. Ele disse ainda que a médica "não irá trabalhar em nenhuma unidade mais do município do Rio de Janeiro”.

O Sindicato dos Médicos do Rio (SinMed/RJ) reiterou que levará o caso para o Ministério Público do Trabalho (MPT) e apresentará queixa contra o prefeito. Presidente da entidade, Jorge Darze afirmou que "quem está faltando com a verdade é Eduardo Paes".

"Não estamos fazendo uso político do caso, conforme alegou o prefeito. Nossa denúncia está documentada. É inadmissível que a autoridade maior da prefeitura do Rio tenha esquecido das regras da administração pública e tenha tratado uma profissional de saúde desta forma, gerando um quadro de trauma emocional que permanece até hoje", destacou.

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Em nota, o sindicato explicou que o prefeito agiu com impessoalidade e cometeu crime de prevaricação (artigo 319 do Código Penal), além do assédio moral. A médica, segundo Darze, está traumatizada e abalada emocionalmente. O sindicato não soube afirmar se ela pediu demissão. A Secretaria de Saúde informou que a médica não pediu demissão.

Paes%3A ‘Eu disse para a médica que ela tinha que ter mais atenção’Humberto Ohana / Parceiro / Agência O Dia

Em visita ao Estádio Aquático, instalação olímpica, Paes comentou o caso nesta segunda-feira. “Eu disse para aquela médica que ela tinha que ter uma postura de mais atenção. Ela não dá atenção aos pacientes e isso eu não vou aceitar na minha rede. Faltou acolhimento.”

Segundo o diretor do Sindicato, José Alexandre Romano, Paes levou o filho a hospital particular. “Como tinha de esperar, decidiu correr para o Lourenço Jorge, e deu carteirada”, disse.

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