Por gabriela.mattos

Rio - Milhares de pessoas protestaram, na tarde desta sexta-feira, na Praça 15, no Centro, em favor da democracia. Segundo os petistas, 70 mil manifestantes estiveram presentes no local. Antes de iniciar o ato, que começou às 18h, os organizadores disseram para ninguém revidar qualquer tipo de provocação e nem entrar em conflito. Com os gritos de guerra "não vai ter golpe" e "olê, olê, olá, Lula", os manifestantes foram vestidos de vermelho, em apoio ao ex-presidente e ao PT.

Manifestantes se reuniram%2C nesta sexta-feira%2C na Praça 15%2C para fazer ato a favor da democracia. Com apoio a Lula e ao PT%2C eles gritaram "não vai ter golpe".João Laet/Agência O Dia

Eles levaram ainda cartazes contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Aécio Neves (PSDB) e o juiz federal Sergio Moro, que está a frente das investigações da Operação Lava Jato.

Os manifestantes lembram ainda do áudio de uma conversa telefônica entre Lula e a presidenta Dilma Rousseff, que vazou nesta semana. Com bom humor, um grupo de artistas de rua estavam caracterizados e imitando a tal conversa que foi grampeada pela Polícia Federal e que gerou polêmica no país.

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Advogada, Roseli Prado, de 55 anos, veio ao Rio de Janeiro de São Paulo para acompanhar os protestos. Ela contou que antes do primeiro mandato de Lula, não tinha nenhum partido. "Depois que ele tirou 35 milhões de pessoas da miséria, passei a acompanhá-lo. Moro precisa ser preso, pois o que está fazendo é ilegal", completou a manifestante.

Manifestantes se reuniram%2C nesta sexta-feira%2C na Praça 15%2C para fazer ato a favor da democracia. Com apoio a Lula e ao PT%2C eles gritaram "não vai ter golpe".João Laet/Agência O Dia

Roseli estava acompanhada da amiga Bárbara Ferreira, de 52 anos, que segurava um cartaz com o rosto de Lula. "Vale a pena lutar por ele, não queremos um governo FHC e Collor novamente", destacou a nutricionista.

Além de integrantes do PT e Central Única dos Trabalhadores (CUT), o protesto reuniu também alguns parlamentares e atores, como Sérgio Loroza e Letícia Sabatella. Em entrevista ao DIA, a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que o Congresso Nacional não tem contribuído para que o país saia da crise. "Grampear a presidente e o ex-presidente? Que Justiça é essa? Eles estão com medo de Lula e Dilma juntos. Essa tentativa de golpe, na verdade, é um golpe contra a democracia e isso não aceitamos", reforçou.

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No palanque, o ex-ministro Edson Santos também apoiou o movimento e lembrou que o ex-presidente abriu as portas de universidades públicas e privadas a jovens negros. "Nesta praça, João Cândido acabou com o castigo da chibata no período de escravidão e aqui, hoje, viemos dizer que não vai ter golpe", explicou.

Com uma camisa vermelha com o rosto de Lula, o senador Lindberg Farias (PT) destacou que o ato não tinha a ver com determinados partidos, mas era uma manifestação "de todos que defendem a democracia brasileira". Ele disse ainda que "não está em jogo o impeachment, mas, sim, o golpe de Estado, que é uma caçada vergonha ao Lula". "Foi tudo um espetáculo, nunca tivemos grupos fascistas tão organizados como hoje, mas não vamos nos intimidar", ressaltou o senador.

Bastante ovacionado pelo público, o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol) afirmou que todos têm suas diferenças, mas todos estavam ali pela democracia. "Foram 20 anos de ditadura. Esse golpe é do Poder Judiciário e de empresas de comunicação", disse.

Manifestantes se reuniram%2C nesta sexta-feira%2C na Praça 15%2C para fazer ato a favor da democracia. Com apoio a Lula e ao PT%2C eles gritaram "não vai ter golpe".João Laet/Agência O Dia

A discussão sobre política já atingiu até os mais jovens. Hebert Bandeira, de 8 anos, tentava dizer ao pai, Renaldo Thiago da Cruz, de 61 anos, que ele gostava de Lula, mas queria que Dilma fosse presa. "Não, meu filho, é Eduardo Cunha que deve sair do poder", tentava explicar o pai. Insistente, a criança dizia: "Mas eu não gosto da Dilma".

O ato também tem sido proveitoso para os diversos vendedores ambulantes que foram para o local. Roberto Silva, de 60 anos, saiu de Nova Iguaçu para vender faixas vermelhas para colocar na cabeça por R$ 3. Em menos de 10 minutos, ele vendeu mais de 20 produtos. "Como estou desempregado, a hora é para faturar. A manifestação me dá dinheiro", disse.

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