Por gabriela.mattos

Rio - Ao mesmo tempo em que cariocas e turistas deram adeus aos quiosques de modelos antigos na orla de Copacabana e Leme, outro tradicional charme da cidade também entrou para o passado. Tomar um coco verde e pedir para abrir a fruta e saborear a polpa.

Em Copacabana e Leme, os últimos quiosques antigos foram derrubados há algumas semanas e, no calçadão, agora só os modernos, com arquitetura de vidro e pisos que lembram madeira. Neles, os vendedores alegam que a ‘fiscalização’ não permite mais o uso de facões ou cutelos, para abrir os cocos. 

Para a estudante de relações públicas, Bethania Lima, de 22 anos, comer a polpa do coco com a colher improvisada, feita da casca, fazia parte da sua ‘rotina cultural’. “Ir a praia, tomar água de coco e comer a carninha dentro e depois um mate era o meu cotidiano praiano”, disse.

Gerente de um dos quiosques%2C Bruno Cortazi diz que ‘fiscalização’ proíbe o uso de facões para abrir os cocosDivulgação

É, mas agora, quem quiser fazer isso tem que ir até Ipanema ou Leblon, onde ainda há os modelos antigos de quiosques. Segundo a Secretaria de Ordem Pública (Seop), no entanto, não há restrição para o uso de material cortante nos quiosques da orla. A Orla Rio, que tem a concessão do espaço, afirma que é responsável apenas pela administração dos estabelecimentos e não faz interferência nos cardápios. “A maioria dos operadores deixou de abrir o coco por questões sanitárias e pelos riscos aos trabalhadores. A Orla Rio não tem decisão contra ou a favor de quem queira abrir o coco”, afirmou a empresa, em nota.

O gerente de um dos quiosques, Bruno Cortazi, no entanto, alega que é a fiscalização da Orla Rio que não deixa. “Sempre passam fiscais da Orla Rio para checar como estamos. Se passarem e virem que estamos usando facão, podemos levar até multa”, contou ele, que não gosta da ferramenta que faz só um furo no coco para passar o canudo.

Preços nos quiosques modernos também são maiores

A extinção dos quiosques antigos também provocou o aumento do preço do coco. “Até três semanas atrás, nos quiosques antigos, no Leme, o coco custava R$ 5,00 e ainda podia abrir para comer a polpa. Agora, os novos cobram R$ 6,00 e não pode abrir”, reclama a professora Lúcia de Melo, de 70 anos.

Para os vendedores das barracas da areia, as restrições não são novidade. “Já tem uns quatro anos que não podemos usar facão aqui na areia. A fiscalização é rígida, a gente só fura o coco, nada de abrir”, disse Willian dos Santos, dono de uma barraca na altura da Rua Constante Ramos. “A razão, segundo o que nos falam, é que, se tiver confusão na praia, a pessoa pode pegar o facão e atacar alguém”, completou ele. De acordo com a Seop, o decreto que proíbe instrumentos cortantes para vendedores da areia é de 2009.

Reportagem da estagiária Carolina Moura

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