Rio - Pelo segundo dia seguido, os moradores de Madureira, na Zona Norte, vivenciaram um clima de guerra no bairro. No fim de outro protesto contra a morte do menino Ryan Gabriel Pereira dos Santos, de 4 anos, atingido por uma bala perdida no Morro do Cajueiro, houve novamente tumulto e correria. Alguns manifestantes queimaram um colchão perto da comunidade e tentaram ainda incendiar uma lixeira. O fogo foi controlado pelos policiais, com ajuda de moradores.
De acordo com o Centro de Operações, eles interditaram os dois sentidos da Avenida Ministro Edgard Romero, na altura do Instituto Estadual de Educação Carmela Dutra. Os manifestantes levaram faixas, cartazes e ainda um caixão feito de papelão com as cores do Estado. O avô do menino, que foi enterrado nesta tarde, no Cemitério de Irajá, também participou do ato.
Durante o protesto, um grupo ainda jogou três bombas caseiras na comunidade e jovens tentaram invadir a estação de BRT Otaviano, que já havia sido depredada em outra passeata nesta segunda-feira. Os policiais jogaram bombas de efeito moral e atiraram balas de borracha para dispersar a multidão. Agentes do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq) estão na região.
Além disso, o Mercadão de Madureira foi fechado por medidas de segurança e as escolas da região também não abriram nesta terça-feira. Segundo a Polícia Militar, houve um princípio de tumulto, mas foi controlado de imediato pelos PMs responsáveis pelo policiamento do local.
Nesta segunda-feira, os moradores já haviam feito outro ato na via. No entanto, houve confusão, dois ônibus e uma estação do BRT queimados. Na ocasião, seis jovens foram detidos sob suspeita de tentar incendiar outro veículo.
Confronto em Madureira
Ryan Gabriel estava com o avô na calçada de casa quando foi baleado. Policiais militares do 9º BPM (Rocha Miranda) contaram ao DIA que bandidos do Morro da Serrinha tentaram invadir o Cajueiro ontem à tarde. O comando da unidade disse que, depois que soube que uma criança e um adolescente haviam sido baleadas, enviou "imediatamente" uma viatura às unidades de saúde, os hospitais Getúlio Vargas, onde Ryan foi socorrido por populares, e o Albert Schweitzer, em Realengo, onde um jovem de 17 anos deu entrada com ferimentos.
O menino foi enterrado na tarde desta terça-feira, sob forte emoção de seus parentes. A família e os amigos protestaram, no Cemitério de Irajá, com cartazes e aplausos.
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Em nota, o comando do batalhão frisou que não fazia operação no Morro do Cajueiro, no momento em que as vítimas foram atingidas, "nem tinha sido acionado em razão de um tiroteio". Ainda não há informações sobre o estado de saúde do jovem que foi levado para o hospital em Realengo.
A morte do menino Ryan Gabriel será investigada pelo delegado Niandro Ferreira, titular da 29ª DP (Madureira), que instaurou inquérito para apurar as circunstâncias em que o garoto foi baleado. Policiais civis realizam diligências para esclarecer o crime.