Por tiago.frederico

Rio - Comandante das Atividades de Salvamento Marítimo dos bombeiros, o coronel Marcelo Pinheiro não descarta a possibilidade de haver mais três pessoas desaparecidas após o desabamento da ciclovia Tim Maia, nesta quinta-feira, na Zona Sul.

Os militares retomaram as buscas no início da manhã e são usadas uma embarcação e motos aquáticas para percorrer as áreas próximas. Além disso, um helicóptero sobrevoa a região. Ao todo, 40 bombeiros participam da operação, que também tem o apoio de um navio patrulha da Marinha. Ele mantém afastadas embarcações que tentam se aproximar da região.

"Trabalhamos com a hipótese de haver três vítimas ainda, vítimas estas ainda não confirmadas, pois nenhum parente reclamou de um ente querido desaparecido até o momento. Mesmo assim, trabalhamos com essa possibilidade porque há relatos de que mais pessoas teriam caído no momento em que a ciclovia veio a baixo", afirmou o coronel Pinheiro. Testemunhas contaram que uma mulher percorria de bicicleta a ciclovia no momento do acidente e também teria sido jogada ao mar.

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Segundo ele, nos próximos dias, com o mar menos agitado, os mergulhadores se aproximarão mais do costão, realizando buscas nas fendas, escombros e nas pedras. "Vamos bater todo esse costão assim que o mar permitir e a gente vai continuar ao logo de duas a três semanas com as operações aéreas porque se o corpo estiver no fundo ele pode vir à superfície, ficar à deriva e aparecer de 20 a 30 km do local onde ocorreu o acidente", destacou.

Devido à possibilidade dos corpos dessas possíveis três vítimas virem a aparecer em outro local, o coronel Marcelo Pinheiro disse que aumentou o raio de busca das aeronaves. "Os mergulhadores realizaram buscas costa afora. Não é muito eficiente. Torna-se necessário fazer no local, mas essa operação somente será possível assim que o mar permitir o acesso ao costão. O mar está muito agitado, deve permanecer assim pelos próximos três dias", pontuou.

Enterro das vítimas ocorre neste sábado

Nesta quinta-feira, foram resgatadas duas vítimas, o engenheiro Eduardo Marinho Albuquerque, de 54 anos, e Ronaldo Severino da Silva, de 60 anos. A primeira será cremada no Memorial do Carmo, Região Portuária da cidade, às 11h30 deste sábado. Ainda não há informações oficiais sobre o sepultamento da segunda.

Nesta manhã, a família de Ronaldo, que seria que seria gari comunitário na comunidade da Rocinha, esteve no Instituto Médico Legal (IML) do Centro, mas não quis falar com a imprensa. Segurando uma pasta no colo, para a qual olhava a todo momneto, a esposa da vítima, casada há 12 anos, chorava copiosamente. Ela estava cercada por cerca de cinco pessoas.

Sem se identificar, um homem se aproximou, fez ameaças aos jornalistas presentes e disse que familiares de Ronaldo não dariam entrevista. "Não queremos alarme. Afastem-se. Ela não vai dar entrevista. Não sou ninguém. Não sou da família e não sou amigo. Não filmem e não fotografem que vamos processar vocês", declarou à equipe do DIA.

Durante uma conversa, que tudo indica ser com uma agente da funerária, a viúva de Ronaldo disse: "Ele é grandão, é grandão, tem quase dois metros". Em outra conversa, um mebrmo da família falou ao telefone: "O senhor sai daí 5h da manhã porque a estrada de Minas não está muito boa. O sepultamento será às 11h". Até o final da manhã, a família ainda não havia conseguido liberar o corpo de Ronaldo. O local onde ele será enterrado ainda é desconhecido.

Parte da ciclovia de São Conrado%2C na Avenida Niemeyer%2C desabou na manhã desta quinta-feira foto%3A Maíra Coelho/Agência O Dia

O comandante das Unidades de Salvamento Marítimo, Marcelo Pinheiro, disse que ainda poderia haver um corpo no mar, preso em alguma fenda junto às pedras. Pode ser ainda que a correnteza tenha levado essa terceira vítima para longe. O helicóptero sobrevoará as regiões mais distantes do ponto do acidente.

O prefeito Eduardo Paes (PMDB) estava viajando para Atenas, para a cerimônia de acendimento da tocha olímpica, mas voltou ao Rio. Ele marcou uma reunião com o secretariado para a manhã desta sexta-feira.

'Imagino' que obra da ciclovia previa ressaca, diz secretário

O secretário executivo de Coordenação da prefeitura do Rio, Pedro Paulo Teixeira, disse na quinta-feira que "imagina" que o projeto de construção da Ciclovia Tim Maia, em parte erigida sobre o penhasco da Avenida Niemeyer banhado pelo mar, previa a ocorrência de ressacas, como a que provocou o acidente e são comuns na região.

"Imagino que sim", afirmou Teixeira, em tom cauteloso, quando lhe indagaram se a possibilidade de mar forte fora considerada no projeto. "Não sou engenheiro calculista. Isso que nós vamos avaliar agora. A prefeitura, a GeoRio (órgão da Secretaria Municipal de Obras responsável pela contenção de encostas) e a Secretaria de Obras vão se reunir com o engenheiro técnico que fez a obra e a empresa responsável para cobrar essas responsabilidades e voltar para ver o que pode ser a causa desse acidente inadmissível."

Teixeira foi à Avenida Niemeyer para acompanhar o trabalho de técnicos da prefeitura na cicloviaapós o acidente. Falando em nome do prefeito Eduardo Paes (PMDB), em viagem à Grécia para a cerimônia de passagem da Tocha Olímpica, o secretário foi cauteloso ao comentar as possíveis causas do acidente.

Afirmou que, inicialmente, pensou que pilares que sustentam a pista tivessem sido atingidos, mas reconheceu que as estruturas estão "absolutamente intactas". "Tudo que falarmos agora é especulação. Vamos aguardar o laudo."

Mais cedo, porém, havia afirmado que "o acidente a princípio foi fruto de uma ressaca forte neste trecho da ciclovia". "Foi uma onda que pegou debaixo para cima da pista e houve o desastre. Mas não vamos trabalhar com especulação. É importante que haja um laudo." Teixeira é o pré-candidato de Paes a prefeito em 2016

O secretário municipal de Obras, Alexandre Pinto, negou que tenha faltado fiscalização por parte da prefeitura e, diferentemente de Teixeira, disse que as ressacas eram previstas "Estamos conversando com engenheiros da empresa, calculistas e projetistas para elaborarmos o laudo que vai dizer qual foi a causa. Em São Conrado há sempre ressacas, mas todas as causas têm de ser investigadas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com Estadão Conteúdo

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