Por thiago.antunes

Rio - Quem imagina que o maior livro da literatura brasileira foi escrito por Machado de Assis ou Érico Veríssimo se engana. O recorde é do ‘A Lenda do Funk Carioca’, sim, do funk carioca. O romance para os funkeiros é uma verdadeira Bíblia, pois narra desde o início do movimento até hoje, como adiantou a coluna ‘Rio Sem Fronteiras’ do dia 17 de abril.

Com 1.500 páginas, a obra surpreende pela rapidez que foi feita. “Foram sete meses”, garante o escritor Marcelo Gularte, que guarda três recordes do Ranking Brasil, dois deles por sua Bíblia: ‘Maior romance em número de páginas’ e ‘Romance com maior número de personagens’, além de ‘Maior narração literária com ditos populares’ – ganho por seu primeiro livro ‘O Dito Pelo Não Dito’, volume I, que reuniu cinco mil ditados populares.

Marcelo e seus livros%3A A Lenda do Funk Carioca%2C dois de ditados populares e uma coletânea que participouAlexandro Auler / Agência O DIA

Depois dos recordes, ganhos em 2014, ele fez o segundo volume do livro de ditados, mas a menina de seus olhos é inegavelmente o livro com toda a história do funk. “Escrevia e pesquisava durante 15, 20 horas por dia, compulsivamente”, entrega.

Bailes de corredor, arrastão, morte, pichação, torcidas organizadas, tráfico e violência permeiam a narrativa. “O romance tem todas as lendas urbanas e histórias que circulavam o movimento”, diz Marcelo, que começou a pesquisar o tema logo após dirigir e produzir um filme sobre a história do MC Magalhães, em 2013.

Apesar de a obra ser referência para funkeiros e estudiosos, Gularte nunca conseguiu publicar o livro em grande escala. “Talvez se assustem com o tamanho, mas pode virar uma coletânea”, sugere ele, que por conta própria publicou três exemplares, um para registro, um para o reconhecimento do recorde e um para si mesmo. 

Mais livros, filmes e festival

Frenético, Marcelo Gularte atualmente trabalha na ‘Enciclopédia do Funk, volume I – Movimento Black’, e pesquisa outros cinco livros, que falarão sobre as melôs, festivais de galeras, proibidão e o Movimento do Passinho. “Cada volume é uma década, é muita coisa para se pesquisar. Os anos 1990 foram muito importantes”, exemplifica ele, que ainda se prepara para lançar mais dois filmes e está fazendo o maior instrumento sonoro do mundo.

“É um chocalho de seis metros de altura”, conta ele, que ainda administra dois pontos de cultura na Zona Oeste e está produzindo um festival de cinema no Batan, que deve acontecer no meio do ano e reunirá produções de pontos de cultura de várias partes do país.

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