Por clarissa.sardenberg

Rio - Palco de acaloradas discussões políticas e centro histórico de manifestações, o Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), tem, também, outra face: a de cenário de sua própria história. Inaugurado em 1926, o prédio já foi usado como locação de várias produções audiovisuais.

Em alguns casos, reviveu cenas reais, como no filme ‘Os Últimos Dias de Getúlio’, estrelado por Tony Ramos. Foi no emblemático plenário Barbosa Lima Sobrinho que Carlos Lacerda fez seus mais inflamados discursos contra o presidente. O sucesso ‘Tropa de Elite 2’ foi não apenas filmado na Casa: retratou episódio recente da Alerj, a CPI das Milícias, em 2008. Outros dois longas metragens e capítulos de várias novelas também foram filmados ali.

Na visita guiada que acontece diariamente%2C a cúpula é atração do Palácio Tiradentes que mais impressionaRafael Wallace / Divulgação Alerj

O prédio histórico, que se confunde com a trajetória democrática do país, atrai cada vez mais visitantes. Foram mais de 46 mil em 2015 — um recorde. E a intenção é dobrar essa marca, principalmente com a chegada da Olimpíada. “A meta para esse ano é manter os diversos eventos e as visitas guiadas diárias ao local. E dobrar o número de visitantes”, diz a diretora de Cultura da Alerj, Fernanda Figueiredo. O principal objetivo é consolidar a vocação do Tiradentes como casa de política — mas também de cultura. E transformá-lo em um ‘museu vivo’, como almeja o presidente da Alerj, deputado Jorge Picciani (PMDB).

Durante os Jogos, aliás, a Casa manterá sua agenda cultural, com a exposição permanente ‘Lugar de Memória do Parlamento brasileiro’. O espetáculo ‘Tiradentes, um Palácio de Histórias’, que lotou o plenário no aniversário de 90 anos da construção, em 6 de maio, e também no dia seguinte, voltará ao espaço durante a Olimpíada.

Tombado desde 1993 como patrimônio histórico nacional, o prédio que abriga a Alerj desde 1975 já recebe, uma vez por mês, o ‘Música no Museu’, evento de música clássica que percorre outros espaços culturais no Centro do Rio. Ali também são realizadas exposições temporárias. A mais recente é ‘Tiradentes, singular e plural’, aberta esta semana e que vai até 30 de junho, reunindo 41 artistas que fazem uma releitura de Tiradentes e seus ideais de liberdade. Musicais nas escadarias e passeios culturais uma vez por mês a outros centros da região completam a programação, totalmente gratuita. “O objetivo é abrir cada vez mais as portas do Tiradentes”, aposta Fernanda.

Restauração 

Até maio de 2017, o Rio ganhará um Palácio novinho em folha. Ao menos na fachada, pois, por dentro, será necessário um minucioso projeto de restauração, que deverá durar, pelo menos, mais um ano e meio.

A entrega da nova fachada dependerá da mudança das atividades legislativas para a nova sede da Alerj no Banerjão. “O valor histórico e arquitetônico do Tiradentes é muito importante para o Rio. Será um presente para a população”, destaca a arquiteta Lenise Severino. Ela trabalha ali há 30 anos, acompanhando cada detalhe das reformas a que o prédio se submeteu. A mais recente foi em 2013, uma intervenção emergencial após as manifestações. A última grande restauração da fachada foi em 2001.

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