Rio - Um artesão foi preso no final desta tarde por guardas municipais no Centro de Volta Redonda, no Sul Fluminense, após um protesto que resultou no fechamento do trânsito de veículos por pelo menos 15 minutos. Bruno William de Souza Ribeiro Rocha, de 27 anos, fez um desabafo no meio da principal via da Vila Santa Cecília, acusando guardas municipais de impedir ele e pelo menos dez colegas de profissão, que também estavam no local, de trabalhar no Largo 9 de Abril, entre os edifícios Cecisa I e II, ponto tradicional de venda de artesanatos.
“Queremos apenas exercer nosso trabalho. Só sabemos fazer artesanatos. É como sobrevivemos e ganhamos honestamente nosso pão. Os guardas municipais estão nos impedindo de trabalhar diariamente e levando nossos materiais. Estamos sendo roubados”, desabafou Bruno, aos gritos, enquanto impedia os carros de circular.
Mesmo sem truculência, os agentes foram vaiados ao chegaram para restabelecer o trânsito. Dezenas de pessoas que se aglomeraram no local para filmar, fotografar e apoiar os artesãos, se indignaram no momento em que o artesão foi algemado e conduzido para a 93ªDP (Volta Redonda). As imagens logo foram parar nas redes sociais, provocando revolta entre os internautas.
“Tipo de ação completamente desnecessária. Conduzir um cidadão inofensivo algemado demonstra o despreparo total dos guardas municipais”, lamentou a enfermeira Meiriângela de Paula, de 32 anos. Em poucos minutos as imagens começaram a ser propagadas nas redes sociais, despertando ainda mais críticas.

A Guarda Muncipal informou que a venda de artesanato no bairro é proibida, havendo autorização apenas para produtos como pipoca, água de coco e churros. De acordo com o subcomandante João Batista dos Reis, moradores e comerciantes do Largo 9 de Abril, entre os dois edifícios, reclamam que artesãos ocupam o espaço público. E que alguns moradores de rua, viciados em álcool e drogas, estariam se juntando a eles, promovendo supostas brigas e badernas.
A GM ressaltou ainda que apenas cumpriu ordens para desobstruir o trânsito e que o artesão foi algemado porque teria “resistido ao pedido de liberação da avenida”. A Guarda garantiu ainda que todas as denúncias feitas pelos artesãos estariam sendo apuradas pelo comando da corporação.
Comerciantes da região ouvidos pelo DIA têm opiniões divididas sobre a presença dos artesãos no local. “Eles são hippies e passam o dia confeccionando pulseiras, brincos, quadros e objetos de decoração. Não nos incomodam. Pelo contrário, até atraem clientes para nós”, assegurou Jurândio Albernaz, de 45 anos, gerente de um bar. “O problema são alguns mendigos, que têm se juntado a eles. Isso trás insegurança”, argumentou a funcionária de uma loja de roupas.