Por bianca.lobianco

Rio - O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (Sindepol-RJ) divulgou, neste domingo, comunicado em que critica a advogada da adolescente vítima de um estupro coletivo, Eloísa Samy. No texto, a entidade afirma repudiar "de forma veemente as declarações impertinentes e oportunistas da advogada, assim como qualquer tipo de ingerência nas investigações do caso". O Sindepol, segundo a nota, recebe o apoio do Sindicato de Delegados Federais do Rio de Janeiro (SindiPF-RJ).

A advogada pediu, neste sábado, ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro para que a investigação seja desmembrada e que o delegado responsável pelo caso, Alessandro Thiers, da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), investigue apenas a divulgação de imagens da adolescente na internet. De acordo com o pedido da advogada, a coordenação das investigações ficaria com a Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente Vítima (DCAV), que apenas acompanha o caso.

No comunicado, o Sindipol-RJ afirma que a Polícia Civil do Estado do Rio se "notabiliza pela defesa intransigente dos direitos humanos e guarda dos direitos fundamentais, em especial os das crianças, dos adolescentes e das mulheres". A entidade ainda destaca "as biografias dos delegados responsáveis pela investigação", que são "a certeza da imparcialidade e eficiência na apuração dos fatos".

Decisão de afastamento de delegado encarregado do caso de estupro é adiada

A decisão de afastar o delegado Alessandro Thiers, da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), do caso de estupro coletivo em uma comunidade na Zona Oeste do Rio foi adiada. A juíza Angélica dos Santos Costa, do plantão do Tribunal de Justiça do Rio, alegou não ter condições de julgar o caso, uma vez que teve acesso apenas ao termo da declaração das advogadas.

A representante que defende a menor pedia para que a investigação fosse desmembrada: o delegado cuidaria apenas dos delitos que envolvem a divulgação de vídeos e fotos nas redes sociais e a Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente Vítima (Dcav) apuraria o crime de estupro.

Devido a nova decisão do judiciário, o processo será remetido nesta segunda-feira para uma vara criminal.

Confira na íntegra a nota do Tribunal de Justiça do Rio:

"Por falta de elementos apresentados ao Plantão Judiciário pela defesa da vítima de estupro coletivo na Zona Oeste do Rio, a juíza em exercício, Angélica dos Santos Costa, determinou, neste domingo, dia 29, a distribuição do requerimento a uma vara criminal, o que deve ocorrer nesta segunda-feira.

Na decisão, a magistrada ressalta que apenas uma peça do inquérito foi apresentada pela advogada da vítima ao Plantão Judiciário: um dos termos de declaração da vítima, o que impossibilita uma melhor avaliação de qualquer medida judicial a ser tomada em sede de plantão noturno.

'Ressalte-se que a única peça acostada pela advogada foi o termo de declaração da menor prestado em sede policial no dia 27 de maio do corrente ano. Verificando a referida peça constato que se trata de um segundo termo de declarações onde a menor se nega a responder algumas perguntas da autoridade policial aconselhada pela patrona. Assim, não foi possível uma aferição das medidas postuladas em sede deste plantão, eis que não foi juntado, sequer, o termo de declaração inicial prestado pela vítima', relata a juíza.

O processo está em segredo de justiça."

Entenda o caso

Na última quarta-feira, um vídeo que mostrava uma jovem desacordada aparentemente após ser vítima de estupro foi publicado no Twitter e chocou os internautas. Devido a repercussão das imagens, que geraram comoção nas redes sociais e campanhas repudiando a violência contra a mulher, o caso passou a ser investigado pela polícia.

A jovem, de 16 anos, foi identificada e convocada para depor. De acordo com a polícia Civil, o número de homens que participaram do estupro coletivo pode chegar a 36. A jovem fala em 33.


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