Por gabriela.mattos

Rio - Apesar de estar em vigor há dois anos, a chamada Lei do Desmonte que fiscaliza ferros-velhos não é aplicada no Rio de Janeiro. A lei federal de número 12.977 obriga os departamentos estaduais de trânsito a realizar cadastramento dos ferros-velhos, o que ainda é inexistente no estado. Os ferros-velhos comercializam peças de automóveis que muitas vezes são vendidas sem ter procedência comprovada.

Por causa disso, segundo investigadores da DRFA (Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis), a principal destinação dos veículos roubados é a retirada e revenda de peças. O único estado até o momento a aplicar a lei em sua totalidade é São Paulo, onde há atualmente 6 mil ferros-velhos cadastrados. Segundo dados da Associação Brasileira de Desmontagem e Reciclagem Automotiva (Adera), somente em 2015, a legalização desses locais evitou que 35 mil veículos fossem roubados. Os dados são corroborados pela Secretaria de Segurança paulista, que apontou uma redução de 30% nos roubos de automóveis desde que a lei foi aplicada.

Alguns veículos são encomendados. Lei poderia reduzir os roubosDivulgação

Como O DIA mostrou na edição de segunda-feira, o número de roubos de veículos é mascarado nas estatísticas do Instituto de Segurança Pública que contabiliza somente os carros e motos roubados, excluindo outros veículos.

Segundo dados obtidos pelo O DIA nos registros de recuperação de veículos, entre 1º de janeiro e 30 de abril deste ano, 6.099 carros roubados foram recuperados, além de 519 motos. Dos registros de carros recuperados, 5.038 estavam avariados. Quatro eram carcaças. Já entre as motos, 478 estavam avariadas e, duas, depenadas.

Para Armando Vergilio, presidente da Fenacor (Federação Nacional dos Corretores de Seguros Privados), e autor da Lei do Desmonte, a atuação dos estados ainda é lenta. “É urgente atuar contra a chamada roubauto, indústria que se alimenta de roubos e furtos de veículos sob encomenda para revenda de peças. Milhares de vidas são impactadas neste comércio ilegal”, disse.

Procurado, o Detran-RJ disse que está se adequando à lei e no momento “elabora um sistema na área de TI para gerenciar toda a movimentação das peças, assim como o registro e credenciamento dos chamados ferros-velhos.”

Registros
O veículo mais roubado neste ano, de acordo com os registros de ocorrência entre janeiro e abril, é o modelo Hyundai HB 20/2015, com 223 unidades registradas.

As motos mais roubadas são da marca Honda.

A Av. Brasil é a via onde houve mais veículos roubados do Estado, nos primeiros quatro meses do ano (547 veículos roubados).
As rodovias Presidente Dutra ; Washington Luiz ; e Presidente Kennedy estão no ranking como as vias onde veículos são mais roubados.

A Av. Pastor Martin Luther King Jr é a via onde há mais recuperação de veículos pela polícia, com 338 unidades recuperadas no mesmo período.

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