Por gabriela.mattos
Uma das vítimas que reconheceu o acusado vive na Vila MimosaEstefan Radovicz / Agência O Dia

Rio - "Enquanto ele fazia sexo forçado comigo, escutava ópera, me dava muitos socos e lia trechos da Bíblia. Foram três horas e achei que iria morrer”, afirmou a prostituta Mariana, de 20 anos, ao O DIA. Ela se diz vítima de um estuprador que agia há cerca de um ano na Quinta da Boa Vista, preso na madrugada de ontem. 

Mariana prestou depoimento na Central de Garantias, na Cidade da Polícia, Zona Norte do Rio, sobre os abusos sexuais. Ela afirma que outras nove garotas de programa também prestaram depoimento e reconheceram o suspeito, identificado como Antônio José de Freitas Neto, de 48 anos. A Polícia Civil confirmou a informação, mas não o número exato de mulheres que o acusam de estupro.

O homem foi detido por policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora da Mangueira, que estavam se deslocando para abastecer a viatura. Uma das prostitutas que já havia sido vítima dele reconheceu o carro, modelo Parati Azul, rondando a quadra do Zoológico do Rio à noite.

“Ela avisou à polícia que o cercou. Por sorte, também estava passando e o reconheci. Somos dez que prestaram depoimento na delegacia”, contou Mariana.

Na delegacia, uma prostituta afirmou que havia sido estuprada por ele naquela noite, momentos antes da prisão. O exame de corpo de delito comprovou o abuso e as agressões.

Suspeito teria comparsa

Na Vila Mimosa, em meio a ratos, umidade, som alto e luzes de neon, há várias pensões onde prostitutas residem. Em uma delas, a reportagem encontrou quatro das dez vítimas que prestaram depoimento e acusam Neto de estupro.

Sandra, uma baiana, que atua como prostituta há 4 meses, diz que as agressões foram tão fortes, que demorou a se recuperar fisicamente. Já o trauma ficará para sempre. “O estupro ocorreu no último dia 20. Ele me levou para a Linha Amarela. Escutava ópera, dizia que eu era puta e deveria morrer. Cuspia muito e me chamava de lixo. Me largou na via e fiquei andando sem ninguém parar. Não consegui evacuar por um tempo pelos pontos”, contou.

Uma outra vítima, diz que não se maquia mais para trabalhar, pois está sem autoestima.
“Ele é um monstro. Dizia que a mãe era prostituta e fazia isso há 18 anos. Tenho medo que seja solto e volte para nos matar. Me mordeu muito, foi horrível”, afirmou Bianca, de 18 anos, que faz um curso profissionalizante durante o dia e trabalha como prostituta à noite.

Aos investigadores, duas delas relataram que um outro homem ficava no porta-malas, assistindo ao estupro. A todo momento, elas eram ameaçadas com uma faca e uma arma.

O suspeito foi preso pelo crime de estupro e conduzido para ao Complexo Penitenciário de Bangu. A polícia não informou se ele tinha defesa.

A investigação vai continuar em andamento com a 17ª DP (São Cristóvão). Os investigadores pedem que outras vítimas procurem a unidade para um possível reconhecimento.


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