Por tiago.frederico

Rio - O hospital universitário Pedro Ernesto (Hupe), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), não está realizando cirurgias nesta segunda-feira, no entanto, de acordo com a direção da unidade, os procedimentos não acontecem devido à ausência de agendamentos. Na última semana, o Sindicato dos Médicos adiantou que as cirurgias seriam suspensas na unidade, em função da falta de condições higiênicas para tal. Na prática, elas foram.

O hospital, que nos tempos áureos fazia de 18 a 30 cirurgias por dia, agora espera que o governo estadual repasse R$ 4 milhões para seguir "respirando". Seus funcionários receberam somente parte do salário deste mês e diversos problemas acometem a estrutura da unidade. Os reflexos atingem os pacientes e muitos já correm risco de morte.

Chefe do departamento de dermatologia do hospital, o médico Alexandre Grippe contou ao DIA que há dois anos espera o fim das obras no setor. "A enfermaria está parada. Ao todo, são 14 leitos parados. Precisamos de insumos e pessoal para trabalhar. É engraçado pois estamos tão pertinho do Maracanã. Se uma parte do dinheiro que foi investido lá viesse para cá, nossos problemas seriam resolvidos", alfinetou.

Há 22 anos tratando um seríssimo problema nos rins, o paciente Raimundo Nonato Honorato, 63 anos, teme que a morte chegue antes dele conseguir fazer a cirurgia que necessita. "Uso sonda para urinar. Para que meus rins possam funcionar, eu tenho que colocar uma bolsa de água quente nas costas. Só assim eles funcionam. Só consegui marcar uma consulta com um urologista do hospital para novembro. Até lá, eu já morri", disse Raimundo.

"O governo prefere dar dinheiro para o Jogos Pan-Americanos, Copa do mundo e as Olimpíadas do que para salvar as nossas vidas. Minha maior tristeza foi quando vi na televisão o Eduardo Paes, o Cabral e o Pezão comemorando as Olimpíada. Nós estamos aqui morrendo no hospital", acrescentou, revoltado.

Dona Maria das Dores Pinto, 65 anos, é mais uma das que não conseguem se tratar no Hupe. Na manhã desta segunda-feira, ela chegou ao hospital, encaminhada pela Policlínica Piquet Carneiro, que também é da Uerj. "Estou com Chicungunha e sofrendo com as pernas inchadas. Não consegui marcar consulta pois disseram que o hospital não tem agenda", relatou a senhora, que sofre também de labirintite.

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