Por tabata.uchoa

Rio - Réplicas de barracos formando uma favela foram montadas ontem por manifestantes da ‘ONG Rio de Paz’, em frente ao Copacabana Palace, na altura do monumento dos Anéis Olímpicos. O ato teve o objetivo de questionar o legado dos Jogos Olímpicos na cidade para as camadas mais pobres da população.

“Deixamos para realizar o protesto no penúltimo dia da Olimpíada. Torcemos pelo sucesso do mais importante evento esportivo da história na cidade, apesar de lamentarmos a falta de legado que atendesse às principais necessidades dos mais pobres”, conta Antonio Carlos Costa, fundador da ONG, completando: “A cidade é profundamente desigual e não se ouve o grito dos necessitados”.

Protesto teve o objetivo de questionar o legado dos Jogos para as camadas mais pobres da populaçãoSandro Vox / Parceiros / Agência O Dia

A Guarda Municipal foi acionada e desmontou as estruturas levantadas pelos manifestantes. Antonio Carlos afirmou que foi a primeira vez que uma manifestação do grupo sofreu esse tipo de intervenção. “Eles tiraram tudo. Não resistimos, apenas nos amordaçamos e amarramos as mãos, como forma de protesto”, relatou. Ele pretende organizar um novo ato. “Claro que a ordem veio de cima. Eles sabem o ‘poder de fogo’ das nossas manifestações, que são divulgadas no mundo todo”, acrescentou.

O fundador também contou ter recebido um telefonema de uma ‘autoridade’, na véspera do ato, pedindo-lhe que não fizesse o protesto naquele momento. “Conversas privadas devem permanecer assim, não vou mencionar nomes. Foi uma conversa tranquila, um pedido, que eu neguei”, revela.

Procurada pelo DIA, a prefeitura se pronunciou sobre o ocorrido por meio das assessorias da Guarda Municipal e da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP). A GM declarou que não impediu a realização da manifestação, somente retirou as estruturas montadas na areia, pois estavam ocupando espaço que atrapalhava o acesso dos usuários à praia. Já a SEOP afirmou que o direito de protestar é livre: “O código de posturas do município não permite montagem de estruturas em local público sem autorização. As pessoas podem levar cartazes e se manifestar se quiserem”.

A ONG entende que o legado da Rio 2016 não atendeu as principais necessidades das favelas da cidade, cujos moradores têm como prioridade: moradia, saneamento, saúde, escolas, empregos, creches e segurança pública. “Já é uma forma de pautar as próximas eleições para prefeito. Todos os candidatos precisam se comprometer de modo objetivo com ações para melhorar as condições de vida dos que vivem na miséria”, conclui Antonio Carlos.

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