Por gabriela.mattos

Rio - O delegado Brenno Carnavale, assistente da Delegacia de Homicídios da Capital (DH), está ouvindo, desde a manhã desta quarta-feira, depoimentos de três pessoas para tentar esclarecer o crime contra Marcos Vieira de Souza, 52 anos, o Falcon, morto na última segunda-feira em seu comitê eleitoral. Ontem foram recolhidos 11 vídeos diferentes de câmeras de segurança, nas redondezas do comitê. “Vamos analisar as imagens para saber o trajeto feito pelos criminosos e tentar identificá-los”, afirmou o Carnavale.

Marcos Falcon%2C presidente da Portela%2C foi enterrado sob forte comoçãoAlexandre Brum / Agência O Dia

A polícia não descarta nenhuma hipótese para o crime. Uma das possibilidades é a de que brigas passadas de Falcon podem ter motivado o crime. Uma delas teria ocorrido em 2015, com o presidente da Mocidade Independente de Padre Miguel, o contraventor Rogério de Andrade, que deverá ser chamado para interrogatório.

Falcon era policial militar e estava licenciado para se candidatar a vereador pelo Partido Progressista, era o presidente da Portela. Ele foi morto a tiros de fuzil no seu comitê de campanha. De acordo com Carnavale, nenhuma hipótese está descartada para o crime.

Centenas de pessoas deram o último adeus a Marcos Falcon%2C presidente da PortelaAlexandre Brum / Agência O Dia

A única certeza é que se tratou de uma execução. “Estamos checando a vida dele como presidente da agremiação, desavenças, a vida de policial militar, possíveis casos extraconjugais. Tudo para saber a motivação”, disse. Crime político também não está descartado.

A perícia preliminar do local foi concluída ontem e apontou que pelo menos 15 disparos foram feitos na direção de Falcon. Quatro deles o teriam atingido provocando ferimentos na cabeça e em um dos braços.

Emoção na despedida ao presidente da Portela Marcos FalconEstefan Radovicz / Agência O Dia

A ameaça que Falcon registrou na 29ªDP (Madureira), em 2015, e que na época a coluna de Leo Dias revelou, foi arquivada pelo 15º Juizado Especial Criminal porque ele não compareceu à audiência de conciliação, marcada para junho. No processo, o juiz mandou incluir nos autos um pendrive em que supostamente existe provas dessa ameaça. Esse arquivo será avaliado agora pelos policiais que investigam a morte de Falcon.

A polícia suspeita que os atiradores usaram máscaras para, além de não serem filmados, não serem reconhecidos no comitê. Isso porque, os investigadores acreditam que os criminososo conheciam a rotina da vítima e até poderiam conhecê-lo. No local do crime, moradores comentavam o ocorrido. Três homens que faziam obras no prédio ao lado, na hora do crime, disseram ter escutado os tiros. “Parecia Iraque. Ouvimos gritos e muito tiro. Nos escondemos juntos no banheiro”,contou um pedreiro.

Homenagem planejada após o luto

Com o tema ‘Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou levar’, a apresentação da Portela no desfile de 2017 já está desenhada. “Nas últimas semanas, apresentei praticamente o projeto todo ao Falcon, e ele ria, se divertia. Com certeza a gente vai fazer esse trabalho para a Portela disputar o Carnaval pensando nele”, disse o carnavalesco Paulo Barros.

Delegado (à direita) diz que o fato de os assassinos estarem encapuzados indica que eram conhecidosMárcio Mercante / Agência O Dia

Segundo o carnavalesco, é “um momento muito difícil” porque ele e Falcon se aproximaram muito desde que ele passou a atuar na escola.

Em fase de disputa de samba-enredo, a Portela teve a eliminatória do processo cancelada em razão do luto pela morte do presidente. Depois do dia 6, quando findam os dez dias de luto na escola, a diretoria começará a planejar a homenagem que será feita a Falcon no desfile. “Vamos ver se a gente dá para ele o gosto de a Portela ser campeã, como ele queria e pelo que tanto lutava”, afirmou a diretora do Departamento Feminino da escola, Aldaleia Rosa Negra da Portela.

Gestão trouxe Portela de volta ao Desfile das Campeãs

Quando assumiu a vice-presidência da Portela em maio de 2013 na chapa liderada por Serginho Procópio, Marcos Falcon e sua equipe encontraram meses de salários atrasados, não recolhimento de FGTS e do INSS dos funcionários e uma dívida de R$ 16 milhões. Três anos depois, em maio de 2016, com a dívida reduzida a R$ 960 mil, o grupo se reelegeu mas, dessa vez, com Marcos Falcon como presidente. Ele contou com apoio de portelenses ilustres como Tia Surica, Monarco e Vilma Nascimento.

“Pegamos uma escola afundada em dívidas. Não tínhamos noção dos estragos deixados pelo nosso antecessor”, disse Falcon, em entrevista ao DIA, em julho, se referindo a Nilo Figueiredo e seu grupo, que acabaram expulsos da escola quando a nova gestão assumiu. Os resultados no Carnaval também melhoraram após uma década turbulenta e, nos últimos três anos, a Portela chegou entre as cinco primeiras escolas.

?Com Martha Imenes e Luiza Sansão

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