Por gabriela.mattos

Rio - O último debate entre os candidatos à Prefeitura do Rio, realizado na noite desta quinta-feira na TV Globo, foi marcado por críticas ao atual governo de Eduardo Paes e ao PMDB. Logo no começo do programa, Jandira Feghali (PcdoB) acusou a emissora de ter participado do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). "Essa emissora apoiou o golpe contra a democracia e contra uma mulher eleita", enfatizou.

A afirmação gerou um desconforto entre a candidata e a TV Globo, que depois respondeu que "não é obrigada a realizar debates" e, se faz isso, "é pela democracia". "Quero lembrar que não é a TV Globo que está sendo avaliada aqui, mas, sim, os candidatos", disse a apresentadora Ana Paula Araújo.

Candidatos à Prefeitura do Rio no último debate antes do primeiro turno das eleições municipaisAlexandre Brum / Agência O Dia

No debate, Jandira trocou farpas ainda com Pedro Paulo Carvalho (PMDB). Ela lembrou de quando o peemedebista foi acusado de agredir a ex-mulher. Ele se defendeu e afirmou que a candidata "estava mentindo".

"Mais uma vez você com esse ódio, com essas agressões. Você foi acusada de receber propina da Lava Jato, o [Rodrigo] Janot vai atrás de você, você tem que provar a sua inocência de não ter recebido propina de Sérgio Machado", acusou Pedro Paulo.

Jandira ironizou e disse que "jamais foi acusada e nem o partido". "Além de agressores de mulheres, você mente. Doação legal não é crime", destacou. Em resposta, Pedro Paulo reforçou que ele foi "acusado, investigado e inocentado" em relação ao suposto crime. "A gente precisa respeitar quando se absolve um inocente", disse o candidato do PMDB.

Jandira Feghali (PcdoB) e Pedro Paulo Carvalho (PMDB) trocaram farpas logo no início do Alexandre Brum / Agência O Dia

Mais polêmicas

O clima esquentou também entre Marcelo Freixo (Psol) e Pedro Paulo. O candidato do Psol criticou o saneamento na cidade e disse que "quase 30% das moradias não têm tratamento no Rio". O peemedebista destacou, porém, que o governo de Paes avançou principalmente no saneamento da Zona Oeste.

"Vamos acelerar com a concessão à iniciativa privada", completou Pedro Paulo, que ainda ironizou dizendo que Freixo vê apenas a realidade da Praça São Salvador, em Laranjeiras. O candidato do Psol enfatizou que a limpeza da Baía de Guanabara não está resolvida. "O PMDB deveria ser mais transparente nos contratos", atacou.

Freixo também questionou Pedro Paulo sobre a queda da ciclovia Tim Maia, que deixou dois mortos, no dia 21 de abril deste ano. "Você disse que a culpa era da onda, como explicar?". O peemedebista negou que tenha feito esta afirmação e lembrou que o governo trouxe a Coppe/UFRJ para investigar o acidente.

O candidato do Psol atacou e disse que a obra da ciclovia foi feita por uma empreiteira "que pertence a um parente do secretário de turismo, a mesma que fez o asfalto do Joá". Pedro Paulo rebateu e destacou que a "empreiteira ganhou obra com licitação". "Não cabe hipocrisia e radicalismo", completou.

Flávio Bolsonaro e Alessandro Molon se cumprimentam antes de debateAlexandre Brum / Agência O Dia

Outro momento polêmico entre os dois candidatos foi sobre o tema do legado olímpico e a revitalização da Zona Portuária. "Não vamos estatizar a Zona Portuária. O que tem de bom vamos manter. O projeto do PMDB é incompetente", explicou Freixo. 

Pedro Paulo se defendeu e ironizou dizendo que o "planeta" do candidato do Psol é a "hipocrisia". "Incompetência foi o legado que deixamos? Fizemos o Museu do Amanhã", lembrou o peemedebista.

Moradias populares e OSs

?Entre os assuntos discutidos durante o debate foi sobre o IPTU progressivo. Carlos Osorio (PSDB) defendeu que essa seria uma forma de "fomentar a moradia de imóveis abandonados". "É para reutilizar a valorização dos imóveis e não permitir o que o atual governo faz: pessoas que pagavam R$ 300, pagar agora R$ 3 mil. Vou cancelar o aumento e fazer com que elas recebam o dinheiro de volta", prometeu o candidato.

Já Flávio Bolsonaro (PSC) discordou de Osorio e afirmou que o IPTU progressivo é uma forma de "meter a mão na classe média". "É uma grande injustiça, penaliza a classe média. A Bara e o Recreio estão pagando uma fortuna", exemplificou.

Em relação às organizações de saúde (OSs), Marcelo Freixo (Psol) explicou que é preciso rever os contratos, "já que muitos viraram casos de polícia". "Muitas dessas OSs financiam o candidato do PMDB", completou. O candidato afirmou ainda que é preciso ter uma saúde pública de qualidade.

Candidatos se cumprimentam antes do debateAlexandre Brum / Agência O Dia

"É fundamental para o conjunto da sociedade. Hoje temos um grave caso de tuberculose no município do Rio. Você amplia o atendimento, mas não tem uma policlínica, um especialista. Temos orçamento, solução para saúde e plano de cargo de salários para os profissionais", enfatizou Freixo.

Osorio se posicionou contra as OSs e disse que as organizações só "servem para pegar dinheiro da saúde". "Vou devolver recursos à saúde, com gestão, atenção e foco. Não farei nada sem bom atendimento na área", destacou o candidato do PSDB.

Para Indio da Costa (PSB), é preciso manter as OSs. Ele destacou ainda que é preciso haver um governo participativo. "Quero entender o problema do paciente. Com aplicativos no celular, vou colocar a prefeitura na sua mão", contou.

Candidatos participaram de debate na TV Globo na noite desta quinta-feiraAlexandre Brum / Agência O Dia

Educação, segurança e meio ambiente

Educação foi outro tema discutido durante o debate. Alessandro Molon (Rede) disse que vai criar mais vagas nas creches e no primeiro ano. "Vamos ouvir e valorizar o professor. Vou avançar na escola de tempo integral", explicou o candidato da Rede. 

Assim como Molon, Osorio reforçou que é preciso valorizar os professores e destacou que"a educação garante oportunidade igual para todos". "Não podemos continuar apoiando algo fantasioso. Não faremos uma escola enquanto as atuais não forem mantidas", ressaltou.

Já Marcelo Crivella (PRB) e Bolsonaro defenderam a "Escola Sem Partido". Para o candidato do PSC, os "alunos não podem ser ameaçados". Crivella reforçou que "as crianças precisam aprender a ser e conviver". "O PMDB acabou com o projeto dos CIEPs do Brizola", atacou o senador.

Indio da Costa e Marcelo Crivella antes do debate na TV Globo na noite desta quinta-feiraAlexandre Brum / Agência O Dia

Questionado sobre a segurança pública, Bolsonaro lembrou que vai "mudar o foco da Guarda Municipal". Ele prometeu ainda investir em treinamento e qualificação dos agentes. "A prefeitura possui mais de sete mil câmeras. Quero investir em tecnologia para ajudar as forças policiais", acrescentou o candidato do PSC.

Crivella lembrou que a "prefeitura tem câmeras para arrecadar recursos. Chegou a hora de cuidar das pessoas." Enquanto isso, Jandira ressaltou que é preciso "fortalecer iniciativas em locais considerados perigosos". "A guarda tem que estar presente", reforçou a candidata do PcdoB.

Molon afirmou que vai trabalhar em conjunto com o governo estadual na questão da segurança da cidade. "Vou fazer um planejamento preventivo. É preciso reduzir os homicídios", afirmou.

Em relação a questão ambiental, Indio lembrou que "avançou como secretário da pasta" e "tirou obras do papel". "Os eleitores podem participar do meu aplicativo e ver. Quero limpar a Lagoa", disse. Jandira destacou que o saneamento é uma questão importante para o meio ambiente. "Empresas não cumpriram seu papel com a cidade", ressaltou a candidata.

Candidatos participaram de último debate antes do primeiro de turnoAlexandre Brum / Agência O Dia

Transporte

Após ser questionado por Molon sobre o Uber, Osorio prometeu que vai regulamentar o serviço e "incluir o limite na quantidade de carros, regras e cobrança de imposto". "Uber tem que ser regulamentado de acordo com as regras da prefeitura", explicou. 

Outro assunto discutido foi sobre a racionalização das linhas de ônibus. Para Molon, a medida foi adotada sem critério. "Vou fazer um estudo com a participação do eleitor", disse. Osorio acrescentou ainda que vai suspender esse processo. "Vamos mudar ouvindo as pessoas que utilizam o transporte público", afirmou.

Em relação a transportes, Crivella atacou e reforçou que é uma questão que incomoda os cariocas. "As pessoas reclamam que a qualidade do transporte só piora. Isso afeta todos", disse.

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