Rio - Uma UTI pediátrica em risco. Segundo denúncia do Sindicato dos Médicos do Rio, o Hospital Estadual Carlos Chagas (HCC), que é administrado pela Organização Social (OS) Pró Saúde, iniciou um processo de esvaziamento da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica, com o objetivo de fechar o setor.
Pelo menos duas crianças foram transferidas na noite quarta-feira para outros hospitais, sendo que das 12 internadas restaram apenas quatro. A Secretaria de Saúde nega o fechamento da UTI pediátrica, afirmando que as crianças foram transferidas por indicação médica para os Hospitais do Fundão e dos Servidores.
“O setor encontra-se em funcionamento e não terá suas atividades interrompidas”, garantiu em nota. Mas, o sindicato insiste que o fechamento da UTI continua nos planos da Pró Saúde. “A OS recuou no encerramento do setor devido à nossa denúncia, mas ainda tem criança para ser transferida e a unidade não está recebendo novos pacientes”, afirmou o presidente do Sindicato, Jorge Darze, que esteve no Carlos Chagas na manhã de ontem.
O motivo do fechamento, segundo Darze, é financeiro: a OS não estaria recebendo o repasse do Estado para pagar os funcionários e fornecedores. Além do Carlos Chagas, a Pró Saúde gerencia outros quatro hospitais do estado: Adão Pereira Nunes, em Caxias; Hospital Anchieta, no Caju; Instituto do Cérebro Paulo Niemeyer, Centro, e o Getúlio Vargas (HGV), Penha. Na semana passada, médicos do HGV realizaram protesto na porta do hospital denunciando falta de material para atender os pacientes e fazer cirurgias.
Os parentes das quatro crianças que permanecem internadas na UTI pediátrica do HCC estão aflitos. Mãe de Eduardo, de 3 anos, Priscila Oliveira, 34, contou que todos estão preocupados.
“Meu filho só consegue respirar com auxílio do aparelho. Ele está internado há mais de um ano na UTI, está acostumado com os médicos e enfermeiras. A mudança, para ele, seria terrível”. A gestão da Saúde tem sido gravemente impactada pela crise financeira do Estado. De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), entre 2013 e 2015, o Governo do Rio deixou de aplicar R$1,3 bilhão no setor.