Rio - Uma pesquisa do Greenpeace apontou a presença de 60% de resíduos de pesticida nas merendas fornecidas por uma das seis empresas com contratos vigentes com a Prefeitura do Rio. Deste total, 45% estava fora da conformidade com a legislação brasileira. O levantamento detectou casos de agrotóxicos ilegais no Brasil e acima dos limites máximos estipulados. Os alimentos são fornecidos pela empresa Agrigel Comércio Ltda, que atende a 181 escolas em 24 bairros cariocas.
Para a pesquisa, a ONG comprou 40 quilos de 11 alimentos variados. O pimentão amarelo, o pimentão verde, o feijão carioca e o pepino continham o agrotóxico Benfuracarbe, que é proibido para esse tipo de lavoura. Já a couve-manteiga, o caso é mais grave, pois apresentou o químico Metamidofós, proibido pela Anvisa desde 2012.
Quatro amostras indicaram a presença de químicos acima do limite máximo. O arroz tinha resquícios de duas substâncias e, embora estejam no Limite Máximo de Resíduos (LMR), não há estudos que garantam um nível seguro do consumo a longo prazo ou sobre os efeitos de diferentes substâncias combinadas no organismo.
A Secretaria Municipal de Educação informou que a alimentação escolar é acompanhada pelo Instituto de Nutrição Annes Dias, de domínio da Secretaria de Saúde e responsável pela organização do cardápio escolar por meio da avaliação de especialistas. De acordo com o Instituto, são “adotadas ações de monitoramento para a aquisição e o fornecimento de produtos alimentícios”. Além disso, orienta as unidades escolares quanto às boas práticas na manipulação desses alimentos, que vão desde o cuidado com uniformes e utensílios até guias alimentares.
Para Rafael Cruz, coordenador da campanha de agricultura e alimentação do Greenpeace, a melhoria na merenda escolar deve ser feita em um processo a longo prazo de substituição dos alimentos por produtos orgânicos. A nutricionista Christiana de Oliveira alerta para os riscos do uso excessivo de agrotóxicos. “O ideal seriam alimentos orgânicos porque a criança pode ter alterações gástricas, que podem provocar obesidade, alergias, diabetes, hipertensão e alterações neurológicas.”
Reportagem da estagiária Marina Cardoso