Por gabriela.mattos
Rio - "Vou bem de saúde! Tranquilo!’. Foi assim, rindo e com bom humor, que o engenheiro Paulo Cezar Ribeiro atendeu à ligação do DIA, horas após descobrir, pela imprensa, que tinha perdido o cargo de presidente da CET-Rio. A resposta foi uma reação irônica à razão apresentada pelo prefeito Marcelo Crivella, de manhã, para nomear outra pessoa na função. Ribeiro fora apresentado há nove dias por Fernando Mac Dowell, secretário de Transportes, como o chefe do órgão. Já estava até trabalhando e não sabe se vai receber pelos dias trabalhados, já que a nova presidente foi nomeada com data retroativa a 1º de janeiro.
Ribeiro nega 'doença grave'%2C como alegou Crivella%3A 'Vou bem de saúde'Arquivo O Dia

“O Paulo Cezar infelizmente foi diagnosticado com uma doença grave e pediu para se afastar”, informou Crivella a jornalistas, para justificar a nomeação de Virgínia Maria Salerno Soares para o cargo. No início da noite, a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) deu outra versão.

Segundo a pasta, Ribeiro, que é professor de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ, teve a nomeação inviabilizada por uma Cláusula de Dedicação Exclusiva (quando professor de ensino público não pode atuar em duas funções remuneradas). “Além da remuneração recebida por serviço prestado ao município, a prefeitura teria que arcar com o salário de professor, o que vai de encontro com a atual política de corte de gestos.”

Aos 68 anos, Paulo Cezar recebeu a notícia com surpresa. Negou ter problema de saúde e contou que nunca foi informado sobre a cláusula mencionada. “Eu só poderia ser nomeado após ser cedido pela UFRJ, uma coisa corriqueira. A questão de valores nunca foi falada para mim.” Segundo ele, a remuneração oferecida para a presidência é de pouco mais de R$ 13 mil. Ele foi ao prédio da SMTR, em Botafogo, retirar seus pertences nesta quarta-feira.
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A Coppe repudiou, em nota, o que classificou como ‘atitude desrespeitosa’ do prefeito: “Causa estranheza que a não confirmação para o cargo do respeitado professor tenha ocorrido no dia seguinte a uma operação bem-sucedida de fiscalização da CET-Rio, por ele orientada, que resgatou a fluidez do tráfego no terminal Procópio Ferreira, na Central”. Aos 54 anos, servidora há 20, o cargo anterior de Virgínia foi de gerente de RH da CET-Rio. Ela é doutora em Engenharia de Produção e mestre em Engenharia de Transportes pela Coppe.