Por gabriela.mattos
Rio - O Tribunal de Justiça determinou, ontem à noite, que os agentes penitenciários voltem ao trabalho em 24 horas, sob pena de multa diária de R$ 100 mil. A decisão foi tomada pelo presidente do tribunal, desembargador Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, atendendo a pedido da Procuradoria do Estado.
Outra categoria da Segurança Pública, os policiais civis, que estão em greve há dois dias, devem decidir hoje à tarde pela suspensão da paralisação. O pagamento dos salários de dezembro dos ativos, inativos e pensionistas do governo do Estado, ontem, foi determinante para a inclinação do movimento.
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“A ideia era fazer três dias completos de paralisação nas delegacias. Mas, agora, com o governo pagando até as pensionistas e aposentados, a tendência é interromper o movimento”, afirmou Fernando Bandeira. A reportagem procurou o presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal do Rio de Janeiro, Gutemberg de Oliveira, para saber se o sindicato cumpriria a decisão judicial, mas ele não retornou as ligações.
Durante a greve dos agentes penitenciários%2C as visitas a presos no Complexo de Gericinó foram suspensasSeverino Silva / Agência O Dia

Mais cedo, Oliveira havia declarado que pretendia continuar com a greve até segunda-feira. Ao lado de outros agentes, ele acompanhou o clima no sistema penitenciário de Bangu, que registrou um momento de tensão: uma briga entre seis presos, durante a manhã. “Eles se desentenderam. Poucos feridos, com lesões muito pequenas, uma meia dúzia. Teve uma intervenção rápida de um grupamento que nós temos que é especialista em controle de distúrbio nas unidades prisionais, o Grupamento de Intervenção Tática. E não precisou disparar um tiro de bala de borracha”, declarou.

Na decisão pela suspensão da greve, o magistrado destacou a crise no sistema carcerário. “Assinala-se que a presente greve deve ser contida principalmente diante do cenário carcerário brasileiro atual, no qual massacres geraram morte de mais de uma centena de pessoas nos estados do Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte”, afirmou.
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O desembargador também decidiu que no próximo dia 24 uma audiência deverá ocorrer para conciliar o Estado e o sindicato dos agentes penitenciários.
Em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, um princípio de rebelião ocorreu no presídio feminino Nilza da Silva Santos. Detentas tentaram começar um motim, em protesto pelas restrições impostas pelos grevistas.
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Batendo panelas e vassouras, as internas gritavam: “se não tiver visita, vai ter rebelião”. A maioria estava com o rosto coberto. O motim foi gravado por elas, com o uso de celulares. As imagens foram enviadas para fora do presídio através de aplicativos.
A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária informou que a ação foi controlada e ocorreu em duas celas. Ontem, apesar das restrições, alguns alvarás de soltura foram cumpridos — entre eles, 19 torcedores do Corinthians, que estavam presos desde outubro, foram soltos.
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Aliado de Cabral: ‘barril de pólvora’
Apontado pela Operação Calicute como operador financeiro do ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), Luiz Carlos Bezerra quer sair do Complexo de Bangu, onde está preso preventivamente desde 17 de novembro. Em pedido ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, a defesa de Bezerra afirmou que Bangu está um “barril de pólvora desde a chegada de 600 presos da facção criminosa ADA (Amigos dos Amigos)” e pediu a conversão da custódia em domiciliar.
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“No que concerne à ameaça à integridade física, o requerente sofre seríssimo risco de vida, ante à iminência de uma rebelião no presídio José Frederico Marques (Bangu 10)”, afirmam os advogados Ranieri Mazzili Neto e Marcelo Camara Py.
O ex-governador também está preso em Bangu. Advogado de Cabral não retornou aos contatos feitos por telefone e e-mail.