Por clarissa.sardenberg
Rio - Fim do pedágio para motociclistas que transitam pela Linha Amarela pode causar aumento no número de acidentes. É o que alerta a Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR). Além disso, para o órgão, o decreto da Prefeitura do Rio que isenta o pagamento pode gerar impacto para todos os outros veículos.
"Uma das alternativas de reequilíbrio de contrato é o aumento de tarifa dos demais veículos", explica a ABCR.
Especialista acredita que medida alivia bolso%2C mas pode representar aumento no número de acidentesArquivo/ Carlos Eduardo Cardoso

De acordo com a Associação, o fluxo de motos cresceu 53% entre 2010 e 2016. As motos representam hoje, pagando pedágio de R$2,40, 5% do tráfego da Lamsa, 26% dos atendimentos de acidentes, 42% dos feridos e 63% das vítimas fatais em 2016.

Dados da Lamsa, concessionária que administra a via, indicam que o acréscimo de 1% de motos no fluxo da via, representa um aumento de aproximadamente 9% nos acidentes. Passam, em média, 130 mil veículos na via diariamente. Em 2015, 76% dos acionamentos do seguro DPVAT foram relacionados a acidentes com motos, de acordo com a administradora do DPVAT.

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Para Eduardo Biavati, sociólogo e especialista em segurança no trânsito, a medida reflete a atual situação econômica mas pode representar aumento no número de acidentes na via.
"Do ponto de vista econômico, eu entendo como uma alívio para os motociclistas, sobretudo no atual momento de crise. Mas, na verdade, o resultado disso é reforçar uma política que não beneficia o aumento do interesse da população para o transporte público. Além disso, a motocicleta é o meio de transporte mais perigoso", diz.
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Eduardo alerta que o fluxo de motos transitando na Linha Amarela pode crescer, aumentando também a possibilidade de acidentes. "A medida contribui para perpetuar a situação de grande número de acidentes envolvendo motociclistas. Não quer dizer, no entanto, que irá gerar mais acidente. Mas certamente não ajuda a enfrentar a realidade de alto número de mortes por motociclistas, um dos piores problemas enfrantados no trânsito", afirma.
Presidente do Sindicato dos Motoboys do Rio (Sindimoto), Carlos Augusto Reis concorda com a decisão da extinção do pedágio. "Já foi provado que a moto não prejudica o asfalto. Então, se o pedágio é para preservar a via, não faz sentido motociclistas pagarem. Além disso, na minha opinião, não há um número alto de acidentes. Tenho certeza que a medida vai beneficiar a economia para os motoboys. No entanto, ainda tem muito pouco tempo que a medida foi tomada. Acho que nos próximos seis meses podemos avaliar melhor".