Rio - Eike Batista foi levado ontem para uma cela onde já havia outros cinco presos, em uma ala destinada a ex-milicianos, na cadeia Bandeira Stampa, no Complexo Penitenciário de Bangu. O presídio, conhecido como Bangu 9, é destinado a ex-servidores públicos, como policiais, e milicianos condenados.
Na ala do empresário, está o miliciano Sérgio Rodrigues da Costa Silva,o ‘Sérgio Bomba’, que é apontado como um dos chefes da milícia de Sepetiba e braço-direito de Carlinhos Três Pontes (acusado de ser o principal chefe de milícia do Rio). No mesmo corredor estão ainda Pedro de Castro, vulgo Juninho Paraíba, e Leonardo de Lima Werneck, o Léo Werneck, acusados de pertencer à milícia que atua na Cidade de Deus e acusados de terem matado o menino Marcos Vinícius dos Santos, de 11 anos, perto do Natal de 2015. A criança vendia frutas com o pai ao ser morta.
Pelas regras formais da secretaria de Administração Penitenciária, Eike deverá se encontrar com eles somente durante uma hora por dia. Isso porque Bangu 9 é uma cadeia de regime fechado, e os presos só saem da cela para o banho de sol.
Segundo agentes penitenciários, no entanto, Eike já está sendo cotado para assumir a função de ‘faxina’, como são chamados os presos de confiança. “São aqueles que cumprem função administrativa, ou seja, eles têm livre acesso a todas as áreas do presídio, podem circular à vontade, não ficam dentro da cela o dia todo. Arrumam documentos na direção, por exemplo, ou servem café”, contou um agente. Atualmente, há somente uma vaga de trabalho no presídio e uma fila imensa de espera.
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Eike é acusado de ter pago R$ 52 milhões em propina para o grupo do ex-governador Sérgio Cabral, segundo denúncia do Ministério Público Federal. Ele foi detido ontem, às 9h50, quando o avião que o trouxe de Nova York pousou no Aeroporto Internacional do Rio. Desceu do avião com uma mala e um travesseiro. Os objetos ficaram retidos no presídio Ary Franco, em Água Santa, para onde primeiramente foi levado. A unidade possui uma ala para presos federais, devido a um acordo entre a Polícia Federal e a Seap. No entanto, Eike não ficou mais de duas horas na unidade — que possui celas subterrâneas, infiltrações, ratos, morcegos e superlotação.
Dali, ele foi transferido para um presídio melhor: Bangu 9. A ação foi classificada pelo promotor da Vara de Execuções Penais, André Freitas, como “imoral”. “Esse favorecimento quebra a igualdade que deve haver entre os presos e soa como imoral. Tudo leva a crer que o grau de influência política e a capacidade financeira deste preso foram os fatores determinantes para a escolha do presídio. São as velhas práticas que se perpetuam no sistema prisional e que a sociedade não aguenta mais assistir e suportar”, afirmou Freitas. A Seap respondeu que a transferência decorreu de “trâmites de rotina”.
Antes de chegar a Bangu 9, Eike teve a cabeça raspada. Segundo a responsável pelo implante capilar do empresário, os fios voltarão a crescer. “O custo do tratamento é de R$ 9 mil, fora a manutenção”, disse a médica Ana Maria Ventura, da clínica paulista Tricosalus.
Xingamentos na porta do Ary Franco