Rio - Enquanto a violência, literalmente, explode no estado, a Secretaria de Segurança e a Polícia Civil do Rio titubeiam. Anunciada no início de janeiro, a Delegacia Especializada em Armas, Munição e Explosivos (Desarme) ainda não saiu do papel.
Na ocasião, o chefe de Polícia Civil, delegado Carlos Leba, havia garantido que a unidade, concebida para combater o mercado negro dos potentes artefatos explosivos, estaria funcionando em 10 dias. Ontem, bandidos portando explosivos aterrorizaram a Baixada Fluminense, onde explodiram agência bancária, e o policiado bairro de Copacabana, Zona Sul, onde uma quadrilha, cercada pela polícia, ameaçou explodir os reféns.
“O pior de tudo é que, hoje, além de sabermos menos acerca dessa modalidade de crime do que sabíamos em 2007, nós sucateamos toda a estrutura que tínhamos, desmobilizando os quadros especializados e dificultando muito uma retomada do trabalho, que ainda levará tempo até chegar a um padrão que já tínhamos alcançado”, lamenta o especialista em segurança pública Vinicius Cavalcante, que acompanha com lupa a questão da violência fluminense.
Até 2011, a investigação sobre o tráfico de armas e explosivos era atribuição da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae). Entretanto, alegando baixa incidência de registro de ocorrência na especializada, o então secretário de segurança, José Mariano Beltrame, extinguiu a unidade e disseminou a missão de combater o tráfico de armas e explosivos por todas as delegacias, inclusive as distritais.
"O ex-secretário (Beltrame) dizia ser um profissional da inteligência, mas destruiu a estrutura que nos permitia produzir todo o conhecimento sobre o tráfico de armas, munições e explosivos”, afirmou Cavalcante.
Ontem, bandidos explodiram a agência da Caixa Econômica Federal (CEF), no centro Belford Roxo, Baixada Fluminense para roubar um caixa eletrônico. No Carnaval, a mesma agência já havia sido alvo de ataque com dinamites. Assim como outro banco localizado em Niterói, onde os bandidos chegaram a explodir uma das paredes. No episódio de Niterói, apesar do estrago causado pela violenta ação, ninguém ficou ferido e nada foi roubado.
Em Copacabana, também ontem, quatro criminosos usaram explosivos para manter como reféns funcionários das Lojas Americanas, após um assalto frustrado pela chegada da Polícia Militar. Os bandidos invadiram o estabelecimento pouco antes da abertura, mas a movimentação chamou a atenção de transeuntes que acionaram a polícia.
Um dos PMs que participaram da negociação com a quadrilha contou ao DIA que os suspeitos perguntaram se a imprensa estava no local. Os bandidos ainda utilizaram o telefone de uma funcionária para negociar com os policiais. “Eles falaram que iam explodir a loja, que iam usar as bombas. Quando perceberam que a rua estava cercada, decidiram se entregar”, disse o policial militar.