Rio - Enquanto governos estadual e federal se reuniam para definir a ajuda da União para a crise da segurança, a ‘guerra’ diária do Rio fazia mais vítimas. Após ataques de criminosos a bases de UPP no Complexo do Alemão, durante a madrugada, operação do Bope na comunidade, pela manhã, resultou em tiroteios que deixaram cinco mortos, sendo quatro suspeitos, segundo a polícia, e um homem sem antecedentes criminais, identificado como Wesley de Lima Cardoso.
Vários confrontos foram registrados durante toda a manhã e armas, munição e drogas foram apreendidas. Quase 2 mil alunos da rede pública ficaram sem aulas na região. Três suspeitos foram mortos na Rua Canitar. Com eles, segundo a PM, foram encontradas duas pistolas, duas granadas e drogas.
Em outro local foram apreendidos dois fuzis e grande quantidade de drogas. O outro suspeito, identificado como Buiú, foi morto na Grota, local onde gerenciaria o tráfico de drogas, de acordo com policiais. Há ainda outro suspeito internado no Hospital Salgado Filho, no Méier.
Também pela manhã, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, o secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça, general Carlos Alberto Santos Cruz, afirmava que o efetivo da Força Nacional para a segurança do Rio poderia ultrapassar os 100 homens prometidos e chegar a 350.
A chegada dos primeiros reforços, no entanto, ainda não tem prazo. Para que a tropa chegue ao estado, é preciso que o governo fluminense entregue um planejamento de como e onde os agentes deverão atuar.
Dinheiro para a RAS
O secretário estadual de Segurança, Roberto Sá, aproveitou a ocasião para pedir também ao governo federal ajuda de R$ 8 milhões por mês para pagamento do Regime Adicional de Serviço (RAS), que reforçaria o policiamento de 17 regiões do Rio. Conforme
O DIA revelou, a interrupção do pagamento da RAS por causa da crise reduziu o policiamento nas ruas em mais de 500 PMs por dia. Sá disse que, com os recursos pedidos, colocaria mais 1,3 mil policiais em serviço. “É uma grandeza para que o secretário, junto com o presidente, possa analisar se é melhor aportar esse recurso ou mandar esse contingente”, explicou Sá.
Sá: ‘Fomos ousados demais’
Sobre a crise na segurança, com o aumento da violência inclusive nas áreas com UPP, o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Sá, reconheceu que o programa de pacificação foi “uma tentativa ousada demais” com os instrumentos que o governo estadual tinha. “Fomos ousados demais (com as UPPS) e talvez estejamos pagando um preço caro por termos tido essa tentativa de levar paz a todas as áreas, inclusive as mais carentes”, afirmou o o secretário.
De acordo com o secretário, o governo está fazendo um diagnóstico da situação das UPPs. “Determinei que a inteligência da Polícia Civil analise todas as hipóteses (de reestruturação das UPPs). Todas as alternativas são possíveis”, afirmou. Sá solicitou também secretário nacional que amplie o efetivo da PRF nas rodovias federais que cortam o estado.
Força Nacional é cara e pouco eficaz
Especialista em Segurança critica que o envio de 100 homens da Força Nacional para o estado é caro e pouco eficiente. Um oficial do Exército, que pediu para não ser identificado, defende que, com gastos semelhantes, a União poderia colocar 1,3 mil militares das Forças Armadas nas ruas.
“As Forças Armadas proporcionalmente saem mais barato para a União", disse o oficial. A reportagem apurou que, por dia, um agente da FN custa em média R$ 600. Já um militar das Forças Armadas recebe por dia em torno de R$ 17,20. Ou seja, o custo de um soldado da Força Nacional equivale ao de 13 das Forças Armadas. O secretário nacional de Segurança, general Carlos Alberto Santos Cruz, rebateu: “Eu não vou entrar em detalhes de valor, mas esse valor é exagerado.”
Colaborou o estagiário Rafael Nascimento, com supervisão de Claudio de Souza