Rio - Com o fim do prazo de inscrições na última sexta-feira, o Enem parece cada vez mais palpável para os mais de 6,5 milhões de estudantes que farão as provas nos dias 5 e 12 de novembro. Mas para garantir o exclusivíssimo espaço no topo das classificações de universidades de todo o Brasil, é preciso seguir com afinco uma rotina bem estruturada de estudos. Juliana Castelar, de 17 anos, estudou sete horas por dia até ficar em 1º lugar na UFF, no curso de Farmácia. Mas ela garante que vale a pena: “Passar em primeiro foi uma sensação surreal, de que toda a dedicação, o esforço, a abdicação valeram a pena. Foi a recompensa das escolhas que eu fiz diante de um ano muito difícil pra mim”.
Na hora de fazer o plano de estudos, a ex-aluna do Poliedro levou em conta fatores como os horários disponíveis para estudo, o de deslocamento entre casa e escola, intervalos para fazer exercícios físicos, relaxar e dormir e até a hora do almoço. Nada de Matemática depois de comer, por exemplo. O corpo fica cansado e o estudo não rende, explica Juliana.
“Para não ficar cansativo, dividimos os dias por matérias, de acordo com os pesos dados para o cálculo da nota. Incluímos pelo menos uma redação por semana. Ter equilíbro é a base do sucesso, aprendi isso não só para o vestibular. É melhor estudar três horas de qualidade do que ficar sete horas procrastinando”, disse.
No ano passado, quando fez sua inscrição, Kawan Gomes sentiu que o momento era de redobrar o esforço e focou em uma rotina de estudos das 9h às 17h. Com apenas 15 anos, o ex-aluno do ProEnem conquistou o primeiro lugar em Engenharia do Petróleo na Universidade Federal do Sergipe. Mas apesar de ter começado a preparação desde o início do ano, ele garante que ainda há tempo para quem quer correr atrás do prejuízo.
O momento é de fazer sacrifícios diários, diz ele. “Eu perdi alguns encontros com amigos, abri mão de dormir mais e de sair na maioria das vezes. Mas no final, tive sensação de dever cumprido. Os que acreditavam que eu passaria foram o combustível do meu esforço”, garantiu.
Preparação além-estudos
Nem sempre é possível se dedicar exclusivamente aos estudos. Nessa hora, é importante ter uma base emocional. Mayson Matheus, de 18 anos, conseguiu passar no 1º lugar em Química na UFRJ depois de um ano desafiador: de manhã, ia para a escola; à tarde, fazia estágio, e à noite, estudava em um cursinho do sistema Poliedro. Para isso, ele contou com o apoio total da família. “Estudava em qualquer intervalo que eu tinha, durante o almoço, no ônibus, no fim de semana. Sempre me adiantava na matéria do curso quando tinha um tempinho”, contou.
Com 27 anos e uma graduação completa, Larysy Vidal não teve o mesmo apoio quando resolveu perseguir seu sonho: estudar Medicina. Na primeira tentativa, ela largou o emprego de professora de Geografia para se dedicar unicamente aos estudos. Mas a estratégia não deu certo, e em 2016 a jovem buscou fortalecer seu lado emocional. Resultado: foi aprovada em 1º lugar para a Universidade Estadual do Rio Grande do Norte. “Segui meu relógio biológico: buscava descansar, relaxar, conversar com amigos, me alimentar bem. A cobrança é muito grande, mas cada pessoa tem seu tempo; o ideal é ir se adaptando. Vi o que eu tinha mais dificuldade e trabalhei mais nisso”.