Por luana.benedito

Rio - O dono da rede de casas de festas Enlace e Enlace Kids, Adair Antônio dos Santos, de 45 anos, se entregou à polícia, na manhã desta quinta-feira. O empresário é suspeito de lesar centenas de clientes, muitos com eventos marcados para o fim de semana seguinte ao pedido de falência feito por ele e pela sua sócia, Monique Rocha de Lima dos Santos, 33. O caso foi divulgado com exclusividade pelo DIA, no dia 25 de abril.

Adair Antônio dos Santos se apresentou à Polícia Civil%2C na manhã desta quinta-feira. 'Peço perdão a todos meus clientes%2C amigos e fornecedores'%2C diz o empresário no vídeoReprodução Vídeo

De acordo com informações da 25ªDP (Engenho Novo), Adair se apresentou na unidade acompanhado de seu advogado. Contra o homem foi cumprido um mandado de prisão preventiva expedido pela  2ª Vara Criminal de Madureira.

Antes de se entregar, o empresário gravou um vídeo, enviado ao WhatsApp do DIA (98762-82248), pedindo desculpas aos clientes da Enlace. "Em primeiro lugar, eu queria pedir perdão a vocês, amigos, fornecedores e parceiros, em especial à minha família, por todo o transtorno causado", diz.

Segundo Adair, a mensagem divulgada na Internet não foi postada por ele. "Foi passada em grupo interno da empresa, visando afastar os funcionários para que eles pudessem se organizar e retomar as festas com a qualidade que vocês queriam". 

O empresário ainda conta no vídeo que fez um pedido ao Ministério Público para que ele pudesse retomar com os eventos. No entanto, Adair alega que o pedido foi negado. "Eu estou aqui espontaneamente me entregando na 2ª Vara Criminal  e todos os meus bens foram entregues na 27ª DP (Vicente de Carvalho). Eu peço a compreensão de vocês. Eu não sou bandido e estou aqui para provar isso", finaliza o vídeo. 

Ainda não há informações sobre a prisão de Monique Rocha de Lima dos Santos, que é considerada foragida pela Justiça. 

Clientes comemoram prisão, mas pedem dinheiro de volta

A professora  Mariana Lopes Rangel diz que está feliz com a prisão, embora o empresário não possa devolver o sonho que roubou  e o dano moral que causou aos clientes e funcionários. "A sensação é de alívio e uma ponta de esperança de que ele devolva o dinheiro", afirma. 

A educadora que é a criadora da "Lesados pelo Enlace e Enlace Kids Festas no Facebook"— página do Facebook com objetivo de mobilizar as pessoas que sofreram com o pedido de falência — tinha as festas dos dois filhos marcadas para outubro deste ano. "Eu já comecei a pesquisar outros lugares, mas acompanho de perto o sofrimento da minha afilhada que realizaria a festa de 15 anos em junho e pagou R$ 7,5 mil pelo evento. É muito triste, foram muitas vítimas."

Fachada da Enlace Kids em Irajá%2C na Zona Norte do RioReprodução Internet

Nas redes sociais, muitos clientes da rede de casa de festas comemoraram a prisão do empresário, mas pediram também que os valores investidos nas festas seja reembolsado. "Perdão? Fala sério! Devolve o meu dinheiro", escreveu um. "Aluguei o carro de noiva e agora como fica?", comentou outra. "Ele frustrou muitos sonhos", lamentou mais um.

"Não sou DEUS para perdoar ninguém, portanto guarde o seu perdão para você. Eu queria é meu dinheiro de volta, com juros e correção por tudo que você fez eu, minha família e centenas de outras pessoas passarmos", afirmou outra cliente.

Empresa tinha festas agendadas até 2020

Segundo o delegado Luiz Rodrigues da Silva, o grupo Enlace tinha festas agendadas até 2020. Os clientes afirmavam que o grande diferencial da rede era o preço baixo e as condições de pagamento. 

Cartaz de promoção da Enlace KidsReprodução Internet

No entanto, tantas promoções preocupavam os funcionários da empresa. "Eu estava desconfiado, porque estavam acontecendo várias festas com o valor promocional de R$ 1.999. Ele só tem duas unidades próprias, as outras ele pagava aluguel", afirmou Robson Gurgel. 

O supervisor que trabalhava na Enlace desde 2004 disse que não recebia o salário desde outubro do ano passado. "O dono da empresa me deve R$ 16 mil. E eu não sou o único, outros funcionários estão há muito tempo sem receber", relatou o supervisor ao DIA.

Reportagem da estagiária Luana Benedito, com supervisão de Thiago Antunes


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