Rio - Mãe da bebê que faleceu dois dias após um parto de emergência, em Nova Iguaçu, corre risco de ficar paraplégica. Michele dos Santos, de 25 anos, foi baleada no tórax, por volta das 18h de quinta-feira. Ela chegava na casa de sua mãe para buscar uma roupa para trabalhar no dia seguinte, no bairro Campo Belo, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
A bebê que nasceu prematura, com 27 semanas e apenas 1,030 quilo, morreu na tarde deste sábado, na Maternidade Municipal Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu, região metropolitana do Rio.
"Minha filha diz que não sente as pernas, mas os médicos não falam nada ao certo pra gente", questiona Ana Paula dos Santos, mãe de Michele. "Eu digo pra minha filha que isso deve ser efeito dos remédios pra não deixar ela ainda mais preocupada", disse a mãe.
Michele permanece internada no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Geral da Posse. Seu estado é grave, porém estável. Ela sofreu uma lesão na medula e de acordo com o boletim médico divulgado hoje, Michele corre risco de ficar paraplégica. “É preciso esperar alguns dias, ou até meses para saber se ela vai conseguir voltar ao normal”, diz a nota.
Ana Paula conta que a filha tem uma outra criança de apenas três anos, que assim como Michele e seu esposo, ainda não sabem da morte da bebê.
Bastante abalada, Ana Paula quer garantir a saúde da filha e só pretende contar sobre a perda quando ela seguir para a enfermaria. “Ela estava muito feliz, era o primeiro filho dela com o atual marido. Já tinha comprado tudo: berço, enxoval... ‘Tá’ tudo na casa deles. Nem sei como vai ser quando ela sair daquele hospital”, desabafou a avó da bebê.
Ana Paula chegou a ver a neta com vida no berçário da maternidade e quando soube do falecimento ficou impressionada ao ver a neta, tão pequena, sendo mais uma vítima da violência no Rio. “Ela era tão pequenininha, cabia numa caixa de sapato. As mãos estavam vermelhinhas… A médica me contou que ela sofreu uma parada cardíaca e depois teve um sangramento. Aí não aguentou. ‘Tadinha’, viveu apenas dois dias”, revelou Ana Paula, consternada.
Sobre o enterro, a avó ainda está providenciando a documentação junto aos órgãos competentes e não tem, ainda, data nem local. “Minha filha não viu nascer e nem vai poder enterrar a própria bebê”, lamentou a avó.
Perguntada sobre o que houve naquela quinta-feira, Ana disse não se recordar de muita coisa. “Não sei de onde partiram os tiros, não. Não vi polícia por lá nem nada.
As polícias civil e militar não informaram se havia ação policial naquela região, no dia em que Michele foi baleada. No entanto, a 56ª DP (Comendador Soares) realiza investigações para apurar o caso.