Rio - A Polícia Civil realizou uma megaoperação, na manhã desta quinta-feira, para cumprir 33 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça, contra envolvidos em crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em Furnas, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. A Operação Barão Gatuno, da Delegacia Fazendária (DELFAZ), é um desdobramento da Lava Jato no Rio. A ação também cumpre mandados em São Paulo.
A investigação tem como base o inquérito originado da delação premiada do ex-Senador Delcídio do Amaral, que denunciou um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro em Furnas. Em seus depoimentos, Delcídio falou sobre a ligação da atual diretoria de Furnas a Cunha e a relação do deputado com o operador financeiro Lúcio Funaro.
O ex-deputado Eduardo Cunha foi o responsável por alterar a legislação do setor energético, em 2007 e 2008, para beneficiar seus interesses e de Funaro, com a relatoria de medidas provisórias (396/2007 e 450/2008) que favoreceram a empresa Serra da Carioca II, na época em que um indicado de Cunha ocupava a presidência da subsidiária.
A atuação de Cunha teria permitido que Furnas comprasse, em 2008, as ações da Serra da Carioca II, que era sócia da estatal, em um consórcio para construção da Usina Hidrelétrica Serra do Facão, em Goiás. Em auditoria, a Controladoria Geral da União apurou vantagens para a empresa que não eram usualmente verificadas em negociações do mercado privado.
A ação tem o apoio de 15 delegacias do DGPE, da Coordenadoria de Combate à Corrupção do Laboratório de Tecnologia e Lavagem de Dinheiro da PCERJ e da Polícia Civil do Estado de São Paulo, em primeira fase de investigação presidida pelos delegados Gilberto Ribeiro e Ana Paula Costa.
De acordo com o delegado Gilberto Ribeiro, foram cumpridos 25 mandados no Rio de Janeiro e oito em São Paulo, com a coordenação do delegado Carlos Augusto Nogueira (DELFAZ-RJ) e apoio da PCESP.
O delegado Gilberto Ribeiro também destacou que Furnas recusou a compra das ações da Oliver Trust, por 7 milhões de reais e as adquiriu, seis meses depois, por 80 milhões de reais, da Serra da Carioca II, em virtude de modificação legislativa efetivada por alteração legislativa operada por medida provisória de relatoria do ex-deputado federal Eduardo Cunha, que retirou impeditivo legal para que Furnas fosse acionista majoritária em sociedade destinada à exploração de energia elétrica.
Segundo a Polícia Civil, a primeira fase da operação buscou colher provas para que se tenha uma ideia mais precisa do que efetivamente aconteceu, se houve efetivamente um desvio, qual valor, quem são os beneficiários.
Com informações do Estadão Conteúdo