Por tabata.uchoa

Rio - Em 452 anos, as praças, ruas e esquinas do Rio testemunharam a vida de vários casais de namorados, esposos e amantes, famosos ou não. Com a ajuda dos historiadores Milton Teixeira, Rodrigo Rainha e João Baptista Ferreira de Mello, O DIA preparou um roteiro com as aventuras de amor históricas da cidade. 

A Quinta da Boa Vista, que abrigou o Palácio da Família Real, entre 1808 e 1889, foi palco de paixões arrebatadoras no século XIX. A mais conhecida delas entre D. Pedro I e a Marquesa de Santos, ou Demonhão e Titília, como se tratavam os amantes. O imperador acomodou Domitila de Castro Canto e Melo bem em frente à Quinta, em um solar que atualmente é o Museu da Moda Brasileira.

A Quinta é palco também de romances atuais%2C como o de Juliana e PatrickDivulgação / Mariana Mattos

Anos mais tarde, D. Pedro II também teria sua cota de amores. Apesar de ter tido um casamento relativamente feliz com D. Teresa Cristina Maria, o monarca se envolveu romanticamente com a Condessa de Barral e Pedra Branca, tutora das princesas. Depois que Margarida de Barros saiu da corte, os dois continuaram a trocar correspondências amorosas por 25 anos, até a condessa morrer em Paris.

No Centro, o Passeio Público seria fruto de um amor platônico entre o vice-rei Luís de Vasconcelos e Souza e uma pobre jovem chamada Suzana. A moça, que já era noiva, morava na beira da lagoa do Boqueirão, onde eram despejados os esgotos do Rio.

Joaquim Manuel de Macedo, o autor de ‘A Moreninha’, conta que o nobre resolveu aterrar o espaço para, invés de flores, oferecer todo um jardim para a amada. A Fonte dos Amores, projetada por Mestre Valentim, seria prova dessa afeição. A história foi até enredo de escola de samba, com a Portela, em 1988.

Voltando aos dias atuais, a professora Juliana Almeida, de 20 anos, e o designer gráfico Patrick Freitas, 23, como muitos apaixonados antes deles, também escolheram os jardins e lagos da Quinta da Boa Vista para marcar o seu amor. Para celebrar o Dia dos Namorados e também 15 de junho, quando comemoram dois anos vivendo juntos, eles fizeram um ensaio fotográfico no parque. “Nos conhecemos no Ensino Médio, na escola. Nessa época, nos encontrávamos na Quinta, um lugar que até hoje representa a nós paz e tranquilidade”, disse a apaixonada.

OUTROS LOCAIS

Praça José de Alencar
A praça no Flamengo registrou o episódio mais violento de um romance conturbado entre a rainha Carlota Joaquina e o comendador Fernando Carneiro Leão — que era casado. Ali, sua esposa, Gertrude, foi morta a tiros pelo bandido conhecido como ‘Orelha’, enquanto descia da carruagem. O crime teria sido a mando da monarca portuguesa. Depois que o assassino foi para a cadeia, segundo Milton Teixeira, D. João VI mandou queimar o processo e ninguém mais foi preso.

Solar da Marquesa de Santos
Se depender das cartas trocadas entre D. Pedro I e a Marquesa de Santos, este casarão em São Cristóvão viu coisas impublicáveis naquela época. Os bilhetes tórridos, assinados pelo nobre como Demonhão ou Fogo Foguinho, algumas vezes, continham desenhos do pênis imperial ou pêlos pubianos anexos. ‘Titília’ não deixava por menos: ela dominou a técnica do pompoarismo, flexão dos músculos vaginais, para deleitar o amante.

Cemitério São João Batista
O coração de Machado de Assis pertencia inteiramente a Carolina Augusta Xavier de Novais. Para consolidar a união, porém, eles tiveram que enfrentar o preconceito. Machado era mulato e a mulher, branca e portuguesa. Ela morreu em 1904 e ele, quatro anos depois. A Academia Brasileira de Letras, fundada por Machado, permitiu então que Carolina fosse transferida para o túmulo dos imortais, no Cemitério São João Batista, abrindo um precedente para os acadêmicos que o seguiram.

Reportagem da estagiária Alessandra Monnerat, sob supervisão de Claudio de Souza

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