Rio - Decidido a não recuar da decisão de cortar R$ 13 milhões em subvenção para as 13 escolas de samba do Grupo Especial, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella diz que o momento é de crise e, portanto, há prioridades.
Diante desse posicionamento, o presidente da Liga das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Castanheira, resolveu cancelar a reunião com o presidente da Riotur, Marcelo Alves, agendada para ontem à tarde, e exigiu um encontro diretamente com Crivella. Com isso, o mercado hoteleiro já começa a sentir os reflexos das indefinições sobre o Carnaval 2018.
“O modelo de caderno de encargos (proposto pelo prefeito) não atende às escolas. Temos ainda os patrocinadores da televisão, como vamos conflitar os patrocínios? Não é tão simples essa equação. Então, preciso falar com o prefeito junto com a Riotur e representantes das 13 agremiações porque fomos surpreendidos. Já estamos em junho e precisamos fechar nossos orçamentos”, pontuou Castanheira.
Segundo Crivella, a redução de 50% da subvenção leva o gasto ao patamar dos últimos carnavais. “No ano passado, teve um aumento num momento de euforia e deu no que deu. Olha só as dívidas com que a cidade hoje se debate”, ressaltou o prefeito. E acrescentou: “Qualquer pessoa sabe que na crise a gente tem que priorizar. E não existe prioridade maior do que as nossas crianças nas creches”.
Diante das incertezas sobre os desfiles de 2018, pacotes para o Carnaval de agências de turismo do exterior estão sendo suspensos. Em entrevista ao ‘RJ TV’, o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-Rio), Alfredo Lopes, anunciou que pretende ajudar as escolas. “Estamos aqui para buscar soluções. Talvez um percentual da hospedagem possa ser revertido. O que não pode é não ter o Carnaval”, disse. Os turistas movimentaram cerca de R$ 3 bilhões no Rio em 2016.
Escola ganha mural e pode entrar para o Guinness Book
Na manhã de ontem, o prefeito participou do lançamento do grafite ‘Contos’, feito pela artista Luna Buschinelli, de 19 anos, na Escola Municipal Rivadávia Corrêa, no Centro do Rio. O trabalho levou 45 dias para ser concluído e pode entrar no Guinness Book como o maior painel feito por uma mulher.
Durante a cerimônia, Crivella lembrou que o mural de 2.500m², uma iniciativa da agência RUA — Arte Urbana, Mills e Coral, “não custou à prefeitura absolutamente nada”.
“Estamos discutindo tanto sobre patrocínio da prefeitura. Está aqui uma parceria linda, feita por uma jovem idealista com seus produtores, Pagu e Andrea Franco, que fazem isso como uma oferta gratuita à prefeitura. Acho que isso deveria ser ressaltado”, completou Crivella, fazendo alusão às discussões sobre a redução da subvenção para o Carnaval.
Estiveram presentes à inauguração a secretária de Cultura Nilcemar Nogueira e o secretário de Educação, César Benjamim.
Reportagem de Paola Lucas, com o estagiário Rafael Nascimento