Por thiago.antunes

Rio - O secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco de Assis Figueiredo, apresentou, ontem, um plano de reestruturação dos hospitais federais do Rio que, caso funcione, é prodigioso.

O plano que prevê o remanejamento de serviços, reunindo determinadas especialidades em cada uma das unidades da rede, deve aumentar em 20% o atendimento em oncologia, ortopedia e cardiologia nos hospitais federais. Cada unidade, segundo estimativa de Figueiredo, terá capacidade para realizar 40 cirurgias por mês. Em toda rede, serão cerca de 2 mil por ano.

O secretário garantiu que não haverá suspensão ou corte de nenhum serviço. “Vamos otimizar a qualidade assistencial e melhorar a quantidade de serviços prestados”, assegurou. Entre as mudanças, o serviço de cirurgia vascular do Hospital de Ipanema acaba, como os profissionais da unidade vinham alertando.

O serviço de cirurgias vasculares no Hospital Federal de Ipanema foi encerrado no ‘plano de reestruturação’Márcio Mercante / Agência O Dia

Todos os procedimentos dessa especialidade serão transferidos para o Hospital da Lagoa. “Pelo menos tiveram a hombridade de assumir. Iniciou-se o desmantelamento da rede federal”, reagiu o médico Felipe Murad, chefe da cirurgia vascular do Hospital de Ipanema.

Durante o anúncio do plano, Figueiredo apresentou dados que contrariam o que os pacientes encontram, quando buscam socorro na rede federal. Houve aumento nas internações, consultas, cirurgias e no atendimento nas emergências.

De acordo com Figueiredo, a fila para cirurgias, que em janeiro tinha 17 mil pessoas, caiu para 10,8 mil, uma redução de 36%. A reestruturação prevê ainda a criação de uma fila única para o atendimento à população. Será criada uma central única de regulação com pacientes oriundos das redes municipal, estadual e federal.

Com relação ao número de profissionais de saúde, o secretário não deu indícios de que haverá contratações. Muito pelo contrário, 662 contratos temporários vão vencer em 2017, sendo 262 médicos e 161 enfermeiros, mas não há previsão pela renovação.
O orçamento dos hospitais do Rio gira em torno de R$ 1,5 bilhão por ano. Nas seis unidades, são 13,9 mil servidores, sendo 3,6 mil de médicos. “A nossa meta é ampliar toda a nossa assistência em 20%”, afirmou o secretário”.

‘Teremos material?’

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj), Nelson Nahon, disse que tem dúvidas em relação ao plano de reestruturação da rede de hospitais federais, apresentado, ontem. “As unidades irão realizar 40 cirurgias por mês? Como se determinou isso? Teremos material para realizar essa façanha?”, questionou Nahon, afirmando que soluções mágicas não vão resolver o grave problema.

Ele destaca ainda que, em visita ao Rio, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse que o principal problema do Rio era que os médicos não queriam trabalhar. “Agora, o secretário apresenta dados mostrando que aumentou tudo (cirurgia, atendimento, internação). Quem fez isso? Isso mostra que os hospitais têm condições de atender as pessoas, mesmo de forma precária”.

Sobre a redução das filas, Nahon explicou que isso aconteceu porque desde abril as filas nos hospitais federais foram fechadas e os pacientes enviados para uma fila virtual.

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