Rio - Os 7,5 mil guardas municipais cariocas vão reforçar o efetivo da operação ‘O Rio quer Segurança e Paz’, deflagrada na sexta-feira, para “golpear” o crime organizado no estado. O anúncio da entrada da GM nas fileiras da operação comandada pelas forças federais foi feito ontem, pelo ministro da Defesa Raul Jungmann e pelo prefeito Marcelo Crivella.
O secretário municipal de Ordem Pública (Seop), coronel Paulo César Amêndola, será o representante da prefeitura dentro do Centro de Comando e Controle (CICC). “A Guarda conhece a realidade da cidade, então tem condições de nos ajudar a combater o crime organizado, dentro das diretrizes da prefeitura”, disse Jungmann.
Em nota, a GM esclareceu que a tropa ficará à disposição das Forças Armadas para colaborar com ações integradas e coibir pequenos delitos, liberando a Polícia Militar para o combate ao crime. Entretanto, os guardas municipais não vão participar de nenhuma missão diferente das que normalmente realizam.
A nota ressalta que “Entre as ações, está o reforço da atuação da Mosep — Macrofunção de Ordenamento e Gestão Sustentável dos Espaços Públicos, na fiscalização e no ordenamento da cidade em apoio a órgãos municipais e estaduais”. Além de apoiar as tropas, a GM deve abastecer o comando da ação com informações para o Setor de Inteligência.
Com a entrada da Guarda, o número de homens envolvidos no combate à violência e ao crime organizado aumenta de 10.420 (8,5 mil das Forças Armadas, 1.120 da Polícia Rodoviária Federal e 620 da Força Nacional) para 17.920.
Segundo o prefeito Marcelo Crivella, a Guarda Municipal vai atuar no combate ao varejo do roubo de carga, ao roubo de celular e aos arrastões na praia.
“Tivemos várias reuniões desde o começo do ano e estamos todos unidos a favor da segurança. Já caiu o número de roubo de cargas e quero mandar uma mensagem: o nosso entorno (do município) está sendo vigiado o tempo todo e também as áreas de acesso, portos e aeroportos, pela Marinha e Aeronáutica. A Polícia Civil e a Guarda Municipal, com os seus quase 8 mil homens, estão a disposição e estamos decididos a diminuir a violência no Rio”, declarou Crivella.
O coronel Amêndola informou que a Guarda vai ocupar alguns trechos da cidade de forma ostensiva e “liberar a PM para uma atuação mais repressiva, tirando a sobrecarga da polícia para que ela possa fazer o seu trabalho”.
Jungmann destacou que o posicionamento dos tanques em locais públicos é “motivo de aplausos e alegria” para a população. Sobre a segunda etapa da ação no Rio, o ministro reafirmou que as ações não serão divulgadas com antecedência. “Não vamos divulgar e passar para os nossos adversários onde vamos golpeá-los. Por isso, as operações serão sempre desenvolvidas levando em conta o elemento surpresa”, completou.
Vereador, que é guarda, reprova
O vereador Jones Moura (PSD), presidente da Comissão Especial de Segurança Pública da Câmara Municipal, condenou a entrada da Guarda na força-tarefa destacada para combater o crime organizado no Rio. Para o parlamentar, que é guarda municipal licenciado, a decisão é um grande equívoco já que os guardas não andam armados.
“Homens uniformizados com cassetetes nas ruas não estão fazendo Saúde e nem Educação, apenas Segurança Pública. Mas esses mesmos homens vêm sendo tratados como escoteiros”, reclamou o vereador, que defende uma GM armada.
“É de conhecimento público que mesmo os criminosos que atuam nos pequenos delitos portam armas de fogo ou facas. Os guardas estarão expostos, sem qualquer chance de se defenderem, apenas com um pedaço de pau nas mãos”. Jones, há 21 anos na GM, teme que os guardas sejam colocados como ‘escudo humano’ para enfrentar bandidos com fuzil.
Segundo ele, só o fato do anúncio da participação da GM na ação é motivo de preocupação. “Temos 92 PMs mortos este ano”, afirmou o vereador, que é da base aliada do prefeito. A opiniões estão divididas nas ruas. Há a preocupação com com a segurança dos guardas e, também, aprovação em relação ao aumento da sensação de segurança.