Por thiago.antunes

Rio - Fechado desde dezembro, o Parque Radical de Deodoro, na Zona Oeste, deve ser reaberto ao público em 21 de setembro. A ideia da prefeitura é que as 13.725 mil mudas semeadas pelos atletas em totens espelhados na abertura da Rio 2016, que formaram os arcos olímpicos na cerimônia, sejam transportadas para o parque nesse dia, marcando o legado ambiental dos Jogos e a chegada da Primavera.

Apesar das negociações da Prefeitura do Rio para que as árvores sejam transportadas no mês que vem, a Biovert Engenharia Ambiental e Florestal, responsável pelo cultivo das mudas em viveiro próprio em Silva Jardim, no interior do estado, prevê que o replantio aconteça até novembro, prazo determinado pelo Tribunal de Contas da União.

Cerca de 100 mudas foram plantadas ano passado%2C mas quase 14 mil do ‘legado verde’ ainda aguardam em horto a definição do poder públicoMaíra Coelho / Agência O Dia

Ao todo, 11.237 mudas formarão a Floresta dos Atletas e 2.488, o Bosque dos Medalhistas. Representando cada delegação olímpica, as 207 espécies de Mata Atlântica plantadas medem hoje até 1,20 m.

“A previsão é de implantarmos a Floresta dos Atletas e o Bosque dos Medalhistas até novembro e mantê-los até 2020 com o intuito de apresentarmos à comunidade internacional o resultado do trabalho nas Olimpíadas de Tóquio”, informou Marcelo de Carvalho Silva, diretor da Biovert.

Sem verba

Segundo Silva, a Biovert executa a maior parte do projeto sem receber pelo serviço, desde o final de 2014, quando teve início a colheita de frutos para a extração das sementes. “Nós não temos nenhum serviço prestado à prefeitura. Até hoje a Biovert só recebeu da empresa Cerimônias Cariocas um total de R$ 120.000,00 para o evento de abertura da Olimpíada (...) Durante esse tempo, com exceção da cerimônia de abertura, a Biovert vem trabalhando no risco”, afirmou, por e-mail.

As sementes foram distribuídas pelos atletas na abertura dos JogosDivulgação

A prefeitura não respondeu sobre os pagamentos até o fechamento desta edição. “Esse projeto tem um benefício muito grande. As árvores vão sequestrar o gás carbônico, contribuindo para a purificação do ar e o equilíbrio do meio ambiente”, avalia Alexandre Gontijo, presidente do Instituto Eventos Ambientais.

Plano é ter escolinhas de BMX, natação, canoagem e escalada

A intenção da Subsecretaria Municipal de Esporte e Lazer é abrir o Parque Radical, com 500 mil metros quadrados de área a céu aberto, de quarta-feira a domingo. O horário não foi definido. Serão oferecidas atividades ao público como escolinha de BMX, canoagem, natação e escalada. Os interessados nas escolinhas deverão realizar inscrição.

Com capacidade para receber até 6 mil pessoas por dia, o Parque Radical é a segunda maior área de lazer do Rio, atrás apenas do Parque do Flamengo. Sede das competições de canoagem, slalon, BMX e mountain bike nos Jogos, foi reaberto em setembro do ano passado e fechado em dezembro, porque a empresa que administrava o espaço fechou.

A prefeitura tinha prometido reabrir o parque durante as férias do início do ano, o que não aconteceu. Em fevereiro, o prefeito Marcelo Crivella voltou a fazer a promessa para o verão. Um ex-funcionário disse nesta semana que até jacarés já foram vistos dentro da piscina.

“Venceu um contrato, não foi renovado pela administração anterior. É um contrato de 20 milhões por ano. Estamos em um momento de negociar esses contratos e estamos fazendo exatamente isso. Verificando o que pode ser mantido no escopo do contrato, o que pode ser retirado”, disse o prefeito em fevereiro.

Programação na Barra hoje

Para comemorar o aniversário de um ano do encerramento dos Jogos, a Autoridade de Governança do Legado Olímpico e o Ministério dos Esportes promoverão atividades esportivas e culturais gratuitas hoje no Parque Olímpico da Barra, a partir das 8h. Entre as atrações, haverá a Copa Parque Olímpico de MMA Amador, artes marciais para crianças, atividades de futsal, futevôlei e outras modalidades. A festa será animada com DJs e shows, além da presença das campeãs Portela e Mocidade.

O presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, pediu tempo para o Rio desenvolver os planos de legado da Olimpíada, lembrando que o Brasil atravessa desafios políticos e econômicos. “Os aspectos positivos estão aí, mas os desafios também. Vamos ver como fica o legado”, afirmou Bach ontem, em Londres.

Estudo da Universidade de Liverpool, USP e Aberje, divulgado ontem, concluiu que a Olimpíada do Rio não deixou marcas permanentes no imaginário popular. O trabalho analisou mais de 500 reportagens no Brasil e no exterior.

“Infelizmente, os escândalos de corrupção e a grave crise financeira pela qual o país atravessa fez com que as notícias relacionadas ao esporte e à cidade do Rio de Janeiro ficassem em segundo plano”, afirmou a pesquisadora Beatriz Garcia, coordenadora do projeto.

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