Suíça - O COI (Comitê Olímpico Internacional) está sendo pressionado a executar as garantias oficiais que o Rio de Janeiro deu para os Jogos Olímpicos de 2016, assegurando que qualquer dívida seria coberta pelo poder público local.
Empresários e delegados ligados ao COI afirmaram ao Estado que a falta de uma definição sobre a situação financeira do Rio está deixando entidades e fornecedores em situação delicada. Nos próximos dias, uma reunião da entidade em Lausanne, na Suíça, vai tratar do tema. Por contrato, eventuais prejuízos financeiros dos Jogos seriam divididos entre a Prefeitura e o Governo estadual.
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Ao final de 2016, os documentos oficiais do Rio-2016 indicaram que o déficit era de R$ 132 milhões. Mario Andrada, diretor de Comunicações dos Jogos, indicou que o valor já foi reduzido para R$ 114 milhões. Os organizadores, segundo ele, conseguiram "dinheiro extra do COI", além de descontos com fornecedores. O problema é que, para fechar a conta, mais de R$ 100 milhões teriam de vir dos cofres públicos.
O COI não quer, neste momento, se envolver em uma disputa judicial com a cidade-sede do Brasil. Legalmente, ele poderia fazer valer o contrato de garantias. Mas isso significaria dar um sinal ruim para as futuras candidatas a sediar os Jogos.
O COI evitou dar detalhes do que pretende fazer diante da pressão. "O Rio-2016 está no processo de fechar suas contas", informou o COI. "Entendemos que discussões estão ocorrendo entre o Rio-2016 e seus parceiros governamentais sobre os acordos que foram feitos no ano passado sobre finanças. Até que essa discussão esteja concluída, consideramos que é prematuro comentar algo".
No centro do debate está a promessa de que a União bancaria R$ 100 milhões com patrocínio de estatais, enquanto a prefeitura se comprometeu a liberar até R$ 150 milhões para ajudar a fechar as contas. Os valores, porém, ficaram na promessa. Os patrocínios de empresas públicas renderam R$ 70 milhões aos Jogos e a prefeitura carioca repassou R$ 30 milhões.
O COI deixa claro que já fez a sua parte. "É importante levar em consideração que o COI e o movimento olímpico cumpriram suas obrigações com os Jogos do Rio". Segundo o COI, a contribuição financeira ao evento foi de US$ 1,5 bilhão (R$ 4,9 bilhões) e "esforços significativos" foram feitos diante das "dificuldades financeiras que o Brasil enfrentava".
Mario Andrada garante que não existe pressões nem de comitês nacionais nem do COI. "Conversamos semanalmente com a cúpula do Comitê Internacional e o objetivo conjunto é pagar fornecedores, funcionários e colaboradores que ainda não foram pagos", disse. "É infantil imaginar uma ativação das garantias que não seja negociada entre todas as partes envolvidas", afirmou.
"Nunca aconteceu e não vai acontecer agora. Sempre dissemos que o Comitê honraria todos os compromissos. É nessa direção que estamos trabalhando, com amplo suporte do COI. Vamos seguir trabalhando com COI, Governos e fornecedores até zerar o déficit", completou o dirigente.
No Brasil, o ex-prefeito Eduardo Paes foi irônico ao comentar os números. "Se teve algo que os Jogos não geraram foi prejuízo. Basta ver os lucros divulgados pelo COI", comentou, em nota.
Com informações do Estadão Conteúdo