Rio - Um professor de Educação Física foi morto a tiros, na noite desta quinta-feira, na portaria do prédio onde morava, na Rua Luís de Camões, no Centro do Rio. Marcello Teles Barretto, 44 anos, estava chegando em casa quando foi abordado por sete bandidos. Ele foi baleado na cabeça e no pescoço.
Momentos antes, os criminosos fizeram pelo menos 12 pessoas reféns dentro de um apartamento. Testemunhas contaram que uma das vítimas foi rendida por um bandido ao tocar para o porteiro abrir a porta e, depois, os outros integrantes do grupo invadiram o edifício.
De acordo com testemunhas, Marcello não teria reagido e acreditam que ele tenha sido morto ao ser confundido com policial "por ser muito forte e grande". Ele morava no local com a mulher, que estava entre os reféns, e o filho de 13 anos.
Marcello estava chegando do mercado quando foi morto. Para não levantar suspeitas, um dos criminosos vestiu o uniforme do porteiro e um deles ficou num bar próximo ao edifício esperando algum morador entrar.
O bando roubou dinheiro e celulares dos reféns. No entanto, as vítimas ressaltaram que os bandidos estavam procurando por um casal de comerciantes chineses que mora no prédio. Os dois não estavam no edifício na hora do assalto mas, segundo relatos, os criminosos entraram no prédio no horário em que os chineses costumam chegar com os malotes de dinheiro.
Os reféns ficaram sob a mira de armas o tempo todo. Primeiro, foram mantidos na portaria e, depois, levados para o hall do quinto andar. Quatro subiram com as vítimas e os outros ficaram na portaria. Vítimas contaram que um dos criminosos falava ao celular e que os criminosos ainda entraram em alguns apartamentos. De acordo com relatos, dois bandidos eram brancos e os outros, pardos.
O porteiro, que preferiu não se indentificar, disse que um dos assaltantes conseguiu entrar no prédio quando o portão foi aberto para um dos moradores. Ele lembrou que o bandido deu 'bom dia' e, para disfarçar, se dirigiu para a escada. No momento em que o morador chegou à portaria, o porteiro e ele foram rendidos.
O funcionário trabalha no prédio há quatro meses. Segundo ele, um dos bandidos disse para ficarem quietos, que não fariam nada com eles e a todo momento perguntavam pelos chineses. "Ele deu boa noite, apertou o passo como se fosse subir a escada, mas parou, abordou a gente e mostrou a pistola. Pegou o chip do meu celular. Ele estava calmo, mas ficou nervoso porque os comparsas não entravam. Ele me mandou tirar a camisa e um deles vestiu o meu uniforme", contou o porteiro contando que depois todos foram obrigados a subir e que Marcelo foi morto quando todos os reféns já estavam no quinto andar.
"Depois de um tempo lá em cima, escutei três tiros e eles saíram correndo. Descemos e encontramos o Marcello morto. Foi muito rápido. Fiquei com medo do que poderiam fazer com a gente", disse o homem.
Um morador, que não quis dar o nome por medida de segurança, foi rendido quando chegava no prédio. Ele teve o apartamento revirado por três criminosos, mas nada foi roubado. "Me pegaram quando viram com a chave de casa na mão. Um me mandou ir para o meu apartamento e perguntou o que eu tinha em casa. Reviraram tudo e entram também no apartamento de outro morador e lá pegaram os pertences. Nesse momento, ouvi os disparos", lembrou ele.
Subsíndico, que também preferiu não dar o nome, afirmou que vai instalar câmeras no local porque a violência aumentou muito na região."Marcelo era forte e acredito que eles acharam que ele fosse policial. O que me contaram é que ele não reagiu. Marcello era uma pessoa trabalhadora, do bem e que foi mais uma vítima dessa violência. Todo dia tem arrastão e roubo. É a primeira vez que isso acontece aqui onde já sou subsíndico há 12 anos", completou.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DH), que também está ouvindo as testemunhas do crime. Até o momento, quatro pessoas já prestaram depoimento. A Polícia Civil informou que uma perícia foi realizada no local e que os agentes ainda tentam identificar os suspeitos.
Reportagem do estagiário Rafael Nascimento, sob supervisão de Maria Inez Magalhães