Rio - As forças de segurança realizam, desde a madrugada desta segunda-feira, uma operação em seis favelas: Jacarezinho, Manguinhos, Mandela, Bandeira 2, Complexo do Alemão, Parque Arará. Os agentes também atuam no condomínio Morar Carioca, na Zona Norte. Até o momento, 26 pessoas foram detidas. Destes, pelo menos 15 prisões foram por mandados e uma foi em flagrante.
Também foram apreendidas sete pistolas, duas granadas, 20 motos e sete carros. Além disso, foram encontrados drogas, munição e máquinas caça-níqueis, ainda não contabilizadas, nas comunidades. O efetivo mobilizado é de 5,5 mil homens e mulheres. Foram utilizados ainda três blindados e 41 viaturas.
Um dos presos é o recruta do Exército Matheus Ferreira Lopes, de 19 anos. Segundo a polícia, ele é suspeito de repassar informações sobre a megaoperação desta segunda-feira a traficantes nas redes sociais. O soldado foi detido por agentes da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod) nesta manhã e levado para a Cidade da Polícia.
Em coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, o subsecretário de Comando e Controle, Rodrigo Alves, admitiu que é possível que o vazamento de informações interfira na apreensão de fuzis na operação — nenhum armamento do tipo foi encontrado. "Vamos olhar para fora e para dentro. Não toleraremos qualquer tipo de vazamento", declarou.
No entanto, o porta-voz do Comando Militar do Leste, coronel Roberto Itamar, minimizou o impacto das informações vazadas. "Ainda investigamos para encontrar qualquer erro ou omissão nas operações. Mas como se trata de um soldado, o nível de conhecimento dele é muito pequeno", disse.
Na ação, a polícia prendeu ainda três suspeitos em um motel, em Bonsucesso, na Zona Norte do Rio. Eles teriam fugido da comunidade do Arará no momento da operação. Um deles seria suspeito de matar o policial da Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core) Bruno Guimarães Buhler. Conhecido como Xingu, ele foi morto no último dia 11 em um confronto no Jacarezinho. No entanto, a polícia ainda não confirmou essa informação.
Outro detido foi o pai do traficante Nilson Roger da Silva de Freitas, conhecido como 'Roger do Jacarezinho'. Segundo a polícia, Elenilson Pereira de Freitas, 65 anos, estava com pássaros dentro de casa. Roger foi preso na semana passada, em uma mansão de luxo, em Goiás.
A Operação Integrada reúne agentes das polícias Civil e Militar, das Forças Armadas, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Força Nacional e da Agência Brasileira de Inteligência. Desde o início da manhã, militares do Exército, Marinha e Aeronáutica fazem cerco em algumas regiões.
Por causa da ação, algumas ruas no entorno das favelas foram interditadas e os espaços aéreos estão sendo controlados com restrições para aeronaves civis. Ainda não há registros de tiroteios e feridos nos locais.
Uma das comunidades onde ocorre a operação, o Jacarezinho registrou sete pessoas mortas em dez dias de tiroteio. Na comunidade, os agentes procuram os traficantes Adriano de Souza Ramos, conhecido como 'Pierre', e Paulo Henrique Godinho dos Santos, o 'PH'.
Os militares procuram ainda Bruno Ricardo Correa da Silva, o 'Lambão', e os traficantes conhecidos como 'Jefinho', 'Chacota', 'Lacraia' e 'Índio'. Eles são suspeitos de chefiar o tráfico nas comunidades de Manguinhos, Mandela e Arará. Já Eduardo da Silva, o 'Bamba', Jean Carlos Ramos, o 'Beni', e Reinaldo dos Santos de Sena, o 'Dedé', atuam no Morro da Mangueira.
Os outros procurados são suspeitos de tráfico no Complexo do Alemão: Gláucio Cardoso dos Santos, o 'Glaucinho do Engenho', Sebastião Teixeira dos santos, o 'Juninho 51', Luciano Martiniano da Silva, o 'Pezão' e Alexandre Gonçalves dos Santos, o 'Pardal'.
Expectativa e realidade
Apesar da grande quantidade de agentes envolvidos, nenhum fuzil foi apreendido. Ainda assim, na coletiva no CICC o coronel da PM Henrique classificou a operação como exitosa. "A expectativa da operação era exatamente essa. Apreendemos uma grande quantidade de entorpecentes. Nos pautamos pela segurança das pessoas de bem. Se deixarmos as pessoas de bem em segurança, foi um sucesso", afirmou.
O subsecretário de Comando e Controle frisou que o objetivo inicial da operação não era apreender fuzis. "Mas vamos continuar buscando", argumentou Rodrigo Alves.
Esta segunda-feira também marcou a primeira vez em que as Forças Armadas atuaram em conjunto na operação policial do Jacarezinho, que entra em seu 11º dia. "Não acho que o resultado de hoje foi semelhante ao de outros dias. As Forças Armadas fizeram um cerco que garantiu que não houve distúrbios no entorno das comunidades. Não tivemos nenhum efeito colateral. E com efetivo maior podemos permanecer no terreno e mapear áreas desconhecidas", pontuou.