Rio - A força-tarefa da Lava-Jato no Rio teve como alvo ontem a Fetranspor e a RioCard TI, suspeitas de irrigarem a “caixinha da propina” paga a políticos do estado. De manhã, os investigadores cumpriram mandado de busca e apreensão nos escritórios dos grupos, no Centro, e prenderam duas pessoas que tentaram ocultar provas. Um dos presos é o diretor Paulo Marcelo Ferreira, da Fetranspor, que teria pedido a um funcionário para esconder um computador.
A operação foi uma ordem da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, a pedido do Ministério Público Federal (MPF). Segundo os procuradores, há indícios de que a Fetranspor e a RioCard TI desviariam dinheiro da bilhetagem eletrônica para a propina destinada a políticos. O objetivo do mandado era encontrar provas que reforcem as que foram recolhidas na Operação Ponto Final, deflagrada em julho.
Chamou a atenção dos investigadores que a Fetranspor se recusasse a prestar contas dos subsídios do Bilhete Único recebidos do governo. Depoimentos dos investigados revelam que a média diária do ressarcimento do vale-transporte é de R$ 18 milhões, que a Riocard movimenta R$ 6 bilhões por ano e que a arrecadação anual da Fetranspor é de R$ 180 milhões. A Operação Ponto Final revelou que o ex-governador Sérgio Cabral recebeu do setor de transportes R$ 144,7 milhões entre 2010 e 2016. No mesmo período, Rogério Onofre, ex-presidente do Detro, teria recebido R$ 43,4 milhões.
O juiz Marcelo Bretas decretou ontem nova prisão de Rogério Onofre. Preso em julho, ele recebeu, na terça-feira, habeas corpus concedido pelo ministro Gilmar Mendes, do STF. Bretas se baseou em pedido do MPF, que afirmou que Onofre ameaçou de morte dois empresários presos durante a Ponto Final. A defesa dele negou. A Fetranspor disse que prestará esclarecimentos necessários à investigação. Os advogados dos dois presos ontem não foram localizados pelo DIA.