Rio - O governador Luiz Fernando Pezão emitiu uma nota na tarde deste sábado lamentando a morte do 100º PM em 2017. Fábio José Cavalcante e Sá, de 39 anos, foi assassinado com dez tiros de fuzil em frente ao portão de casa, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
"O Governo do Rio lamenta a morte do segundo sargento Fabio Cavalcante e Sá e se solidariza com a família e amigos deste defensor do Estado e de todos os seus colegas policiais assassinados. Um criminoso que porta fuzil e mata policial deve ser tratado como terrorista, e o Estado defende o endurecimento da legislação penal", disse Pezão.
Fábio Cavalcante era lotado do 34º BPM (Magé) e estava de folga quando foi morto. De acordo com testemunhas, ele teria sido executado na frente de um de seus filhos e do pai. O policial chegou ser lavado para UPA da Nilo Peçanha, em Duque de Caxias, mas não resistiu aos ferimentos.
"Vi meu filho caído, fiquei doido. Estou com 70 anos, perdi metade de mim. Nunca achei que fosse ver meu filho caído desse jeito. Ele era um cara querido que ajudava os outros. Não ligava para dinheiro. Qualquer pessoa que pedisse ajuda ele dava", contou o pai de Fábio.
Recompensa
O Disque Denúncia está oferecendo R$ 5 mil de recompensa por informações que levem a identificação e dos criminosos envolvidos em morte de policiais. Só em 2017, o serviço já recebeu 454 denúncias sobre suspeitos em crimes contra agentes de segurança em geral.
Maior média em 10 anos
A marca de 100 policiais mortos em 2017 configura na maior média de policiais mortos no Rio de Janeiro em dez anos. De acordo com os números, um policial é morto a cada 57 horas, pouco mais dois dias. Este é o maior média desde 2006, quando um policial militar foi morto a cada 53 horas.
Outro número é alarmante é a situação na qual ocorreram as mortes. Este ano, 60% dos PMs morreram durante suas folgas: 58. Até esta quinta-feira, já haviam morrido em serviço 22 policiais, mais do que em todo o ano de 2015, quando morreram 18.
"Não somos números. Somos cidadãos e heróis"
O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Wolney Dias, também escreveu uma nota sobre a morte de cem policiais militares desde o começo do ano. A nota foi intitulada "Não somos números. Somos cidadãos e heróis", em referência a uma mensagem enviada anteriormente à tropa.
"Para a Polícia Militar é um golpe a mais em nossas fileiras, parte de uma estatística inaceitável com a qual temos convivido dramaticamente há mais de duas décadas, mas que nem sempre ganha a mesma repercussão. Reescrevo hoje o mesmo desabafo, recheado de tristeza e revolta. Tristeza pela perda irreparável de cada companheiro que se vai, deixando para trás sonhos e o sofrimento da família e amigos. Revolta, pela omissão de grande parte da sociedade que se nega a discutir com profundidade um tema de tamanha relevância", escreveu.
Wolney também destacou o crescimento da violência no Rio, em especial, contra os policiais militares, que têm se tornado constante alvo de grupos criminosos: "O policial é vítima da violência com uma desvantagem adicional: ao ser identificado como agente de segurança pública num assalto ou qualquer situação de confronto será executado sumariamente", afirmou.