Rio - O atraso nos salários de funcionários terceirizados de postos, clínicas municipais e hospitais do Rio motivou a paralisação dos trabalhadores nesta quarta-feira. Os trabalhadores, que são contratados por organizações sociais (OS), protestaram em frente ao prédio da prefeitura, cobrando o salário referente ao mês de setembro.
“A prefeitura não está repassando os valores para as OS (organizações sociais) e, com isso, os trabalhadores estão sem receber o pagamento do mês passado, com previsão de sair só no dia 16 de novembro. Em algumas unidades também já faltam insumos e o trabalho está prejudicado, causando muito transtorno para médicos, enfermeiros e agentes comunitários”, disse o presidente do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Município do Rio de Janeiro, Ronaldo da Silva Moreira.
Segundo Moreira, a falta de verbas pode acarretar problema na manutenção de programas importantes como a prevenção à tuberculose.
“À medida em que os trabalhadores não têm como oferecer atendimento, como será cuidar daquelas pessoas? A Rocinha é o local de maior índice de tuberculose no município (e no Brasil). Também temos grande quantidade de hipertensos e diabéticos que precisam ir às clínicas para pegar remédios e manter as doenças controladas. Se não conseguem os medicamentos, como vão cuidar da saúde?”
A vice-presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio, Libia Belluschi, denunciou a falta de insumos nas unidades por falta de repasse de recursos. “Os enfermeiros estão fazendo o que podem. Desde janeiro, estão sofrendo atrasos salariais. Queremos um calendário de pagamentos, pois os trabalhadores estão sendo desvalorizados”, disse Libia.
Segundo a enfermeira, cerca de 80% dos trabalhadores da rede básica são terceirizados. Na próxima semana, haverá assembleia da categoria, com propostas de paralisação e greve, se não forem regularizados os salários, disse.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) foi procurada para se pronunciar sobre as reivindicações dos trabalhadores e se manifestou em nota, dizendo que está seguindo o calendário de repasses estabelecido pela Secretaria Municipal de Fazenda (SMF).
De acordo com a secretaria, o órgão trabalha para que pagamentos em atraso às organizações sociais sejam normalizados. “Já foi solicitada prioridade de pagamentos para os contratos sob análise das comissões fiscais da secretaria.”