Rio - O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF) denunciou, nesta quarta-feira, o ex-presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Carlos Arthur Nuzman, o seu braço direito, Leonardo Gryner, e o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB) pelo esquema que revelou a compra de votos para a escolha do Rio como sede olímpica de 2016.
Também foram denunciados o empresário Arthur Soares, conhecido como "Rei Arthur" e os membros africanos do COI (Comitê Olímpico Internacional), Papa Massata Diack e Lamine Diack. A denúncia foi encaminhada ao juiz da 7º Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas, responsável também pelos processos relacionados à Lava Jato no Rio.
- Justiça Federal nega pedido de liberdade para Carlos Arthur Nuzman
- Paulo Wanderley presidirá COB até 2020 e diz que renúncia de Nuzman foi 'alívio'
- Nuzman renuncia à presidência no COB
- Escritório citado pelo MPF afirma que faz a defesa de Nuzman 'gratuitamente'
- Polícia da Suíça apreende ouro de Nuzman e confirma 'vários quilos' escondidos
- Da cadeia, Nuzman envia carta ao COB pedindo afastamento da presidência
Investigações da Operação Unfair Play do MPF apontaram que Sérgio Cabral pagou propina para a delegação africana, por meio do empresário Arthur Soares, para a escolha do Rio. Carlos Nuzman e Leonardo Gryner teriam sido os agentes responsáveis por unir pontas interessadas, fazer os contatos e "azeitar as relações para organizar o mecanismo do repasse de propinas", segundo o MPF.
O MPF também informou que, nos últimos dez dos 22 anos de presidência do COB, Nuzman ampliou seu patrimônio em 457%, não havendo indicação clara de seus rendimentos, além de manter parte de seu patrimônio oculto na Suíça. Por exemplo, ele só veio a declarar a existência de 16 barras de ouro, de 1 kg cada uma, que mantinha no exterior, à Receita Federal, por meio de retificação do Imposto de Renda, na data de 20 de setembro deste ano, ou seja, após a deflagração da Operação Unfair Play. Nuzman está preso preventivamente, desde o dia 5, em Benfica, zona norte do Rio.