Por adriano.araujo

Rio - "Mais uma vítima. Infelizmente, teremos que conviver com isso porque não vemos luz no fim do túnel. Quem mora lá está acostumado com isso (confronto). Só aqui fora é que vemos que isso não é normal. A gente está cansado de ver tiroteio todo dia, cansado de ver que um amigo ou conhecido perdeu familiar, mas só quando é um da gente, que a gente cai a ficha". O desabafo é do marceneiro José Vicente da Silva, de 55 anos, filho de Antonio Vicente de Oliveira, de 78 anos, morto por uma bala perdida no Complexo do Alemão, na noite desta quinta.

Antonio Vicente de Oliveira%2C seu 'Quizumba'%2C foi morto no AlemãoVoz da Comunidade / Reprodução

Por causa da violência, Antonio Vicente deixou o Alemão há cinco anos. Ele e os seis irmãos pediam muito para o pai sair de lá, onde viveu por 56 anos. "Ele morava lá há muitos anos. Nós, os irmãos, pedíamos que ele saísse, mas ele criou raiz. E por ter criado raiz ele não queria sair de lá. Ele era conhecido por mais da metade da comunidade. Todo mundo gostava dele. Era um pai carinhoso. Minha mãe está inconsolável", disse ele. Vicente será enterrado às 15h desta sexta-feira, no Cemitério de Inhaúma.

Ele contou que o pai foi ferido na perna e na barriga quando deixava o bar, que fica embaixo da casa dele. Vicente disse que soube que, nesse momento, houve um confronto entre PMs e traficantes que se encontraram. "Os PMs estavam descendo a pé e os traficantes subindo de moto. Meu pai já chegou morto na UPA", disse ele.


Você pode gostar