Rio - As forças de segurança realizaram, na manhã desta sexta-feira, uma operação contra o tráfico de drogas nos morros do São Carlos, Zinco, Querosene e Mineira, no Centro do Rio. Militares das Forças Armadas, a PM e a Polícia Civil chegaram nesta madrugada e começaram a deixar o local por volta das 10h. Um efetivo de dois mil, entre militares e agentes, participou da ação.
Segundo a Polícia Militar, 20 pessoas foram presas. Entre os detidos estão Paulo Ricardo Mendes Nonato, Kelvin de Freitas Costa, Dener da Silva Freitas e Gabriel Teixeira Mendes. De acordo com a Polícia Civil, eles fazem parte do bando do traficante Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, e estavam escondidos em uma casa pertencente a uma das lideranças da Rocinha, na divisa do Morro do São Carlos com o Morro da Mineira. Todos foram autuados pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico e organização criminosa.
Os policiais também encontraram, no interior da residência, uma grande quantidade de drogas, sendo cerca de 500 sacolés de maconha e cinco quilos de cocaína, além de rádios comunicadores e aparelhos de telefone celular. Quatro pistolas, um revólver, uma granada e seis veículos também foram apreendidos durante a operação.
Porta-voz do Comando Militar do Leste, coronel Roberto Itamar, disse que a operação "foi um sucesso". Ele destacou que o apoio das Forças Armadas vai continuar. "O cerco foi feito para cumprir os mandados. Esse apoio vai continuar conforme pedidos da Secretaria de Segurança", completou.
De acordo com a Secretaria de Segurança, as Forças Armadas foram responsáveis por fazer o cerco nas favelas em pontos estratégicos. Houve tiroteio no momento em que os militares chegaram ao local, mas depois a situação ficou normalizada. Desde cedo, equipes se posicionaram na Rua Frei Caneca, onde há entradas para o São Carlos. Moradores foram revistados ao entrarem e sairem da favela.
As equipes cumprem mandados de prisão contra traficantes que seriam do bando de Nem da Rocinha. Entre os procurados estão Alex Correia dos Santos, conhecido como '2G', envolvido no tráfico do São Carlos; Leonardo Miranda da Silva, o 'Léo Empada', apontado como gerente geral do tráfico de drogas da favela; Marcelo Bernardino Fonseca, o 'Limão do 40', chefe do tráfico da comunidade; e Alex Marques de Melo, o 'Leo Serrote'.
A secretaria destacou que o espaço aéreo foi controlado, com restrições a aeronaves civis, nas áreas de atuação dos militares. O Centro de Operações Rio informou que, por causa da ação, algumas vias podem ser interditadas ao longo do dia.
Todos os colégios da região não abriram. Um morador, que preferiu não se identificar, tentou ainda levar a sua filha na Escola Municipal Estados Unidos, que fica em frente ao Morro do São Carlos, mas estava fechada. "Mesmo com essa operação, estamos tentando seguir com a nossa vida. Morro aqui desde criança e até que é um lugar razoável de sobreviver", contou o pedreiro, de 42 anos.
A menina, de 10 anos, contou que, quando há tiroteios na comunidade, as professoras pedem para os alunos se abaixarem. "Na última vez, estávamos na quadra e a professora pediu para a gente formar uma fila e nos escondermos atrás do colégio", disse.
No Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova, representantes das forças de segurança acompanha, em tempo integral, os desdobramentos da operação.