Rio - Manifestantes protestaram, na manhã desta segunda-feira, contra um ataque que deixou sete mortos e seis feridos em um baile funk, no Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. O tiroteio ocorreu durante durante incursão da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), com apoio do Exército, na comunidade na madrugada de sábado. Com faixas e cartazes, o grupo chegou a interditar uma pista da BR-101, na altura do município, entre 10h30 e 11h10.
Neste domingo, o Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública do Ministério Público (Gaesp/MPRJ) solicitou à Polícia Civil um relatório sobre a operação no Complexo do Salgueiro. Segundo o MP, o chefe de Operações da corporação, Fernando Albuquerque, se comprometeu a entregá-lo nesta segunda.
Parentes de dois homens enterrados ontem no Cemitério do Pacheco Marcelo da Silva Vaz, 31, e Márcio Melani Sabino, 21 , classificaram a ação como "terrorista" e "uma carnificina". Segundo eles, policiais encapuzados chegaram atirando contra os presentes no baile e não teria havido confronto. A Polícia Civil afirma que houve resistência armada de criminosos.
O tio de Marcelo disse que o sobrinho nunca teve envolvimento com o crime e trabalhava como motorista da Uber. "Quem autorizou uma operação para matar um bando de gente? Esse cara é um terrorista amparado pelo poder público", questionou o tio. A mãe de Marcelo contou que o filho saiu da casa dela, no Porto da Pedra, às 19h30, e foi ao Salgueiro beber com um amigo. "Nesse meio-tempo, não sei o que aconteceu. O que posso dizer é que meu filho era trabalhador."
Outro tio de Marcelo afirmou que os policiais atiraram aleatoriamente e o número de mortos teria sido maior que o divulgado: "Foi uma carnificina. Foram lá e saíram matando todo mundo, até morador. Quem corria, eles atiravam. Mataram mais de dez". Os parentes afirmam que os corpos foram removidos sem perícia.
Também foram mortos na ação Victor Hugo Coelho, 28 anos; Luiz Américo da Silva, 46; Josúe Coelho, 19; e Lhorran de Olivera Gomes, 18. O sétimo não foi identificado.