Por thiago.antunes

Rio - O empresário Fernando Trabach Gomes e o filho dele, Fernando Trabach Gomes Filho, foram presos durante a deflagração da Operação Mercado de Ilusões, realizada hoje pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), integrantes do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). Ainda na operação foram cumpridos mandados de prisão contra a mulher do empresário, Mônica Lima Barbosa, e contra Henrique Itamar Schmidt, entre outros.

Também foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e escritórios de empresas ligadas aos acusados. A denúncia do MPRJ à Justiça indicou que, ao menos a partir de 2011, o empresário e o filho formaram “organização criminosa” para praticar crimes com o lançamento de empreendimentos hoteleiros, como o Supreme Resende Hotéis e Business, que supostamente seria construído no município de Resende, no sul fluminense.

As investigações, de acordo com o MPRJ, apontaram que, mesmo sabendo que jamais realizariam qualquer construção em Resende, os três líderes “realizaram pomposos eventos para o lançamento do empreendimento ao público, com ampla divulgação na imprensa, dando início à comercialização de centenas de unidades imobiliárias”. A rede francesa de hoteis Accor também teria sido lesada pelo esquema criminoso. Conforme o grupo anunciava, o projeto de construção dos empreendimentos previa uma torre hoteleira da bandeira Ibis e outra com a bandeira Ibis budget, ambas ligadas à rede Accor.

Para o MPRJ, o grupo lucrou R$ 16,7 milhões, com pagamentos realizados por consumidores lesados à conta da empresa NEP Incorporações SPE 8 Resende LTDA. Os valores eram relativos à venda de unidades autônomas no prometido empreendimento. As investigações indicaram que esse dinheiro foi serviu para procedimentos de lavagem de dinheiro, com auxílio dos também denunciados Márcio Ferreira de Almeida, Jacira Trabach Pimenta, Mônica Lima Barbosa, Rose Rondelle Lima Barbosa e Henrique Itamar Schmidt.

Além das buscas e apreensões de documentos e das prisões, o MPRJ pediu à Justiça o sequestro de contas bancárias e arresto de bens de todos os acusados, no valor mínimo total de R$ 50 milhões. O valor inclui os danos materiais e morais causados aos ofendidos. A denúncia envolve os crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e estelionato.

Em nota, o empresário Fernando Trabach apontou a crise econômica pela falta de cumprimento das promessas de venda e criticou ainda as prisões. “Verifica-se o uso e abuso das prisões preventivas. Os empresários sequer puderam esclarecer os fatos para as autoridades. Além disso, os fatos ocorreram devido à crise financeira pela qual passa o país. O caso deveria ser resolvido na instância apropriada, a Justiça Civil.”

Nas investigações, os promotores encontraram um documento de transferência bancária para a conta da escola de samba Grande Rio no valor de R$ 400 mil. Em resposta à Agência Brasil, a assessoria da agremiação informou que a quantia foi um patrocínio para divulgação da empresa de Fernando Trabach:

“O Fernando Trabach é um empresário muito bem-sucedido de Duque de Caxias, onde a Grande Rio é sediada, e por esse motivo ajudou a escola com um patrocínio de R$ 400 mil, a fim de divulgar a empresa dele, na época. O dinheiro entrou na conta legalmente, em caráter de patrocínio, e a escola, tão logo foi notificada, prestou esclarecimentos ao Ministério Público e já está isenta de qualquer investigação. Toda escola de samba vive de patrocínios, e hoje há vários megaempresários envolvidos nessas operações, como aconteceu com esse patrocinador da Grande Rio”.

Trabach já havia sido preso em agosto passado, na Operação Caça Fantasma. À época, o empresário foi apontado pelo MPF como líder de organização que fraudava prefeituras e responsável por usar o nome de George Augusto Pereira da Silva para realizar contratos com os governos municipais com o objetivo de cometer crimes licitatórios e contra a ordem tributária.

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