Por GABRIELA MATTOS
Rio - O ex-governador Anthony Garotinho, O ex-governador Anthony Garotinho, preso na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, prestou queixa na 21ª DP (Bonsucesso) de que foi agredido na cela na noite desta quinta-feira. Em depoimento na delegacia, Garotinho contou que invadiram a cela dele e o agrediram com golpes de porrete no joelho e um pisão no pé. Garotinho também teria sido ameaçado.
Fontes da polícia revelaram à Coluna Esplanada que as câmeras de segurança não registraram as agressões relatadas por Garotinho. Segundo alguns funcionários da Cadeia Pública de Benfica, o ex-governador teria provocado as próprias lesões.
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De acordo com Carlos Azeredo, advogado de Garotinho, o ex-governador foi socorrido pelo médico e ex-secretário de Saúde do governo Cabral, Sérgio Cortes. Sergio Cabral, Sérgio Côrtes e outros políticos e empresários acusados de participar da organização criminosa que saqueou os cofres do Estado do Rio também estão presos em Benfica. 
Segundo Azeredo, Garotinho relatou que uma pessoa invadiu a cela dele e "deu um porrete no joelho e um pisão no pé". Além disso, o advogado contou que o ex-governador foi ameaçado.
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As primeiras informações foram de que Garotinho apareceu com joelho machucado e com um dos dedos do pé inchado. Ele chegou por volta de meio-dia à delegacia e entrou pela porta dos fundos.
O presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penal, Gutembergue Oliveira, que acompanhou o depoimento do agente penitenciário que estava de plantão na madrugada na ala de Anthony Garotinho, defendeu o funcionário.
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"O Anthony Garotinho não culpa nenhum agente, porque nao foi nenhum agente que fez isso, mas indiretamente ele atenta contra a reputação do agente porque, para chegar onde ele está, só com a permissão de um agente penitenciário, e ninguém pode chegar lá senao com a permissão de um agente penitenciário. Logo, o agente penitenciário de plantão que estava no posto naquele momento está muito chateado e nós estamos aqui em defesa desse agente. "Vai ser apresentado (imagens) ao órgão competente. Vai ser apresentado à autoridade policial, ao juiz da VEP e para quem desejar. Mas eu afirmo pela minha experiência que o Anthony Garotinho faz como qualquer preso comum quando ele quer conseguir uma transferência, ele imputa algo falso a um funcionário para conseguir o seu intento", disse Oliveira.
"Eu nao assisti (às imagens), mas eu confio na credibilidade, no coordenador de segurança que assistiu. Eu confio no servidor, porque ontem eu estive na unidade inclusive alertando os servidores que o Anthony Garotinho poderia criar uma escaramuça, porque nós conhecemos a índole dele e a forma como ele faz para conseguir isso aí. Os agentes me disseram: é impossível. Toda hora o Anthony pedia desculpa ao funcionário, porque nao era intenção de causar esse entrevero para o funcionário e o funcionário, muito chateado, afirmava para ele: 'você sabe que não aconteceu isso'", prosseguiu Oliveira, afirmando que existe uma câmera no hall das celas, pelo qual é possível ver quem entrou e quem saiu na ala do ex-governador.
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O sindicalista afirma ainda que o coordenador do presídio de Benfica, identificado apenas como Rafael, teve acesso às imagens e informou que ninguém teria acesso à cela de Garotinho. Em nota, a Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (Seap) informou que aguarda o laudo do IML, que deve ficar pronto na próxima semana. 
Às 19h, a Seap informou que Garotinhoserái transferido para a Cadeia Pública Pedrolino Werling de Oliveira, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, após decisão da Vara de Execuções Penais (VEP) de mantê-lo em Benfica. 
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MP pede transferência de ex-governador
O Ministério Público do Estado do Rio, por meio da 11ª Promotoria de Investigação Penal, pediu à Vara de Execuções Penais, nesta sexta-feira, a transferência do ex-governador Anthony Garotinho para unidade prisional com perfil compatível com a Cadeia Pública José Frederico Marques, onde encontra-se preso.
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Em fiscalização realizada na unidade, nesta sexta-feira, o MP verificou o clima de tensão que prevalece no local com a presença de Garotinho junto ao ex-governador Sérgio Cabral e demais integrantes da organização criminosa da qual faz parte. De acordo com a petição, não há meios de ser garantida a preservação da integridade física de Garotinho.
Segundo a petição, é dever da Secretaria Estadual de Administração Penitenciária garantir a segurança dos internos, afastando potenciais riscos de conflitos que possam, no mínimo, causar tumulto na rotina da unidade.
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"Irresponsabilidade", diz advogado
A agressão teria ocorrido na noite desta quinta-feira. "Isso já era previsto. Foi irresponsabilidade de quem o levou para lá. Por isso que, a princípio, ele tinha ido para o quartel do Corpo de Bombeiros. Ele está com o pé direito machucado", disse o advogado do ex-governador.
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"Essa pessoa teria dito que Garotinho 'fala demais'. A polícia vai investigar quem é, o local onde ele está tem câmeras de segurança. Ele está com o joelho inchado e dois dedos do pé roxos. A polícia vai investigar essa história de que ele tenha se autolesionado", explicou, acrescentando que o ex-governador deve fazer um retrato falado do suspeito.
Na caçamba da viatura da Seap
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Segundo O DIA apurou, Garotinho levou vários documentos e objetos pessoais à 21ª DP (Bonsucesso). O ex-governador foi transportado na caçamba de uma veículo da Seap. Acompanhado pelo advogado, Garotinho prestou depoimento por 3 horas e meia e, em seguida, foi levado de volta para a cela em Benfica.
Presos pela Polícia Federal
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O ex-governador e a sua mulher, Rosinha Garotinho, foram presos pela Polícia Federal na quarta-feira. A PF apura os crimes de corrupção, concussão (recebimento de dinheiro indevido ou obtenção de vantagens), participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais.
Nas investigações, a PF e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) identificaram elementos que apontam que "uma grande empresa do ramo de processamento de carnes firmou contrato fraudulento com uma empresa sediada em Macaé para prestação de serviços na área de informática".
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Segundo a polícia, há a suspeita de que os serviços não eram efetivamente prestados e serviam para mascarar repasses irregulares para campanhas eleitorais. O contrato era no valor de R$ 3 milhões. A PF informou ainda que outros empresários denunciaram que o ex-governador cobrava propina nas licitações da Prefeitura de Campos, exigindo o pagamento para que os contratos "fossem honrados pelo poder público daquele município". 
Reportagem de Fabia Oliveira, Gustavo Ribeiro e Rafael Nascimento