Rio - Uma investigação da Polícia Civil e do Ministério Público descobriu que torcidas organizadas de futebol banidas dos estádios recebiam regularmente ingressos dos clubes. Os tickets eram repassados para cambistas e vendidos a preços superiores aos das bilheterias. Nesta sexta, três líderes de torcidas organizadas foram presos por agentes da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, em conjunto com o Grupo de Atuação Especializada do Desporto e Defesa do Torcedor (Gaedest), do MP.
Os presos foram identificados como Manuel de Oliveira Menezes, presidente da Young Flu; Luiz Carlos Torres Júnior, o Fila, vice-presidente da Young Flu e Ricardo Alexandre Alves, o Pará, presidente da Força Flu. Carlos Roberto de Almeida, presidente da Fiel Tricolor, está foragido.
"O que motiva a briga de torcidas, no fundo, no fundo, é o dinheiro, como qualquer empresa. Só que a gente está tratando de uma empresa criminosa", analisou Marcos Kac, promotor do Gaedest. Todos os presos serão indiciados por associação criminosa, e os chefes de torcidas também responderão por prática de cambismo.
Foram levados para prestar depoimento o vice-presidente de Estádios do Botafogo, Anderson Simões; Eurico Brandão, vice de futebol do Vasco; Alesson Galvão de Souza, presidente da Raça Fla, e Felipe Ferraz de Souza, o Fil, presidente interino da Fúria Jovem do Botafogo.
Fil substituiu o presidente da torcida organizada, Luis Felipe Fonseca da Silva, o Canelão, em agosto, ocasião em que foi preso. Na época, 49 torcedores foram detidos após uma briga entre torcedores do Botafogo e do Flamengo.
Na sala de Simões, em Botafogo, foram apreendidos dois facões. "Esses facões podem ter sido qualquer coisa, inclusive recolhido após serem abandonados. Preciso conversar com ele para entender melhor a situação", declarou Carlos Eduardo Pereira, presidente do Botafogo.
De acordo com a investigação, além dos repasses de ingressos, torcedores banidos dos estádios por incitar a violência também usavam os tickets para assistir os jogos.
200 ingressos foram cedidos
Em depoimento, o presidente do Fluminense, Pedro Abad, reconheceu ter cedido 200 ingressos por jogo às torcidas organizadas. "O acordo era só até o final do Campeonato Brasileiro".
O Botafogo informou que "procura facilitar a aquisição de ingressos por seus torcedores e vem adotando práticas seguras de controle de ingressos". As torcidas Young Flu e Força Flu disseram que vão se manifestar quando tiverem mais informações sobre a operação. Eurico Brandão, levado a depor, declarou: "eu só respondi que não tenho conhecimento".