Segundo a PF, as investigações, iniciadas há cerca de dez meses, apontam a participação de funcionários do próprio aeroporto e de companhias aéreas, com apoio de servidores públicos da área de fiscalização aduaneira. Entre os mandados de prisão, pelo menos 23 são de funcionários e dois contra servidores da Receita Federal.
Foram identificados três grupos, liderado por um ex-funcionário do Galeão, responsável por recrutar os demais membros do grupo criminoso. Ele era auxiliado pelo seu pai, que trabalhava no Aeroporto Internacional do Rio.
De acordo com a PF, os funcionários escolhiam um passageiro de forma aleatória, imprimiam um tíquete com o nome dele e colocavam em uma mala com drogas. Depois, eles mandavam a bagagem para um voo internacional, que normalmente tinha como destino a Europa. Segundo as investigações, as bolsas não eram vistoriadas.
O segundo esquema atuava no desembarque de malas vindas do exterior, sem que elas fossem submetidas à fiscalização prévia. Segundo os agentes, na maioria das vezes, a bagagem era retirada pelos operadores de esteira do desembarque internacional e posteriormente desviadas para a esteira do desembarque doméstico, no intuito de evitar a fiscalização alfandegária e o consequente pagamento do tributo devido. Quando o passageiro passava pelo canal de inspeção da Receita Federal, em geral portava apenas bagagens de mão.
Após a ação dos operadores, as malas eram retiradas por um funcionário da companhia aérea no interior do setor de desembarque doméstico e entregue ao passageiro no saguão do aeroporto ou até mesmo na calçada exterior do aeroporto.
Em outra frente de atuação, os funcionários do Galeão se encontravam com passageiros participantes do esquema ainda na porta da aeronave, e os acompanhavam até o canal aduaneiro, onde um servidor da Receita Federal liberava as malas que passavam pelo raio-x mesmo que identificasse mercadoria entrando de forma irregular sem recolhimento dos tributos e taxas legais. Oservidor foi flagrado durante as investigações recebendo propina para liberar mercadorias, de acordo com a Polícia Federal.
Já o último núcleo criminoso atuava retirando diariamente, garrafas de vinho, champanhe e garrafas em miniatura de bebidas das aeronaves em pouso. Funcionários da empresa de "catering" realizavam o furto, levando os vasilhames para áreas conhecidas como "pontos cegos", onde era feita a triagem.
Além do Galeão, os agentes atuam também no Recreio, na Barra da Tijuca, Campo Grande, Ramos, Ilha do Governador, Olaria, Bonsucesso, Saúde, Inhaúma, Praça Seca, Tomás Coelho, Magalhães Bastos, Vaz Lobo, Bangu e Jacarepaguá, e também nos municípios de Queimados, Belford Roxo, Angra dos Reis e em São Paulo.