Por thiago.antunes
Rio - A mata nativa que já ocupou mais de 1 milhão de km² do território brasileiro, sobrevive, hoje, com apenas 12,5% de sua área original. No Estado do Rio, o desmatamento da Mata Atlântica atingiu, entre 2015 e 2016, o equivalente a 66 campos de futebol, de acordo com o Atlas divulgado no início do mês. Das seis cidades que mais devastaram, Cabo Frio está em primeiro lugar, com uma área de 29 hectares. Lá, a restinga é a área mais agredida, principalmente por conta da expansão imobiliária. Para frear a destruição, a Fundação SOS Mata Atlântica elabora propostas com planos municipais para garantia da preservação ambiental da mata.
"O objetivo dos planos é criar incentivos para os moradores dessas regiões mais devastadas reconhecerem a cobertura da mata e preservarem", explicou Mario Mantovani, diretor de políticas públicas da SOS Mata Atlântica. Entre as medidas do plano está a disseminação do IPTU Verde, que prevê redução do imposto para imóveis que utilizem recursos sustentáveis, inclusive em soluções de engenharia.
Ranking aponta os seis municípios do Rio que mais devastaram a Mata Atlântica entre 2015 e 2016Arte%3A O Dia
Ranking aponta os seis municípios do Rio que mais devastaram a Mata Atlântica entre 2015 e 2016Arte%3A O Dia

Em segundo lugar no ranking do desmatamento está o município de Duque de Caxias, com a eliminação de 12 hectares. Em seguida, Santa Maria Madalena, na Região Serrana, com perda de 8 hectares de áreas naturais. Empatados, Niterói e Campos, têm desflorestamentos de 7 hectares, e Santo Antônio de Pádua, no Noroeste Fluminense, com 3 hectares. 

"A Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do país, restam somente 12,4% da área original. Um total de 72% da população brasileira vive na Mata Atlântica, assim como mais da metade dos animais ameaçados de extinção do país. Ao desmatar, estamos prejudicando nosso próprio bem-estar e qualidade de vida", afirmou Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação.

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Mapa digital
O retrato do que já foi eliminado da Mata Atlântica e da área que ainda resta ganhou uma versão digital. O 'Aqui tem mata' (www.aquitemmata.org.br), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a SOS Mata Atlântica, com patrocínio da Bradesco Cartões e execução técnica da empresa de geotecnologia Arcplan, apresenta a situação da cobertura florestal e o histórico do desmatamento nos 3.429 municípios dos 17 estados do bioma.

No site, a busca é simples. Basta colocar o nome da cidade para ter acesso ao raio-x, com mapas, da região. No material, é possível checar a área total e de mata, número de habitantes, e detalhes do tipo de formação natural: mangue, mata, apicum (áreas de estuário de rio próximas do mar), restinga arbórea e herbácea. A plataforma também mostra, em gráficos, a taxa de desmatamento e a evolução anual. 

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Atualmente, a Bahia é o estado que mais devasta a Mata Atlântica. No Rio, essa realidade já mudou consideravelmente. Em 1992, o estado fluminense era campeão de desmatamento, mas, atualmente, segundo Mantovani, ele é uma referência para o país, pois é a região que menos desmata, em comparação com outros estados. "O Rio teve uma virada nos anos 2000, por conta dos investimentos para preservação. O que acontece hoje com esses municípios específicos não pode deixar agravar o quadro", destacou Mario