Estudantes fizeram ato contra o Ministério da Educação e o Congresso, na noite de ontem, no Centro do Rio
Estudantes fizeram ato contra o Ministério da Educação e o Congresso, na noite de ontem, no Centro do RioLuciano Belford/Agência O Dia
Por Larissa Amaral
Rio - Professores e estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizam, na noite desta sexta-feira, uma manifestação no Centro do Rio. O ato, que se concentrou em frente ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS-UFRJ), tem o objetivo de protestar contra o corte de gastos que a melhor universidade do Brasil, de acordo com o Conselho Superior de Investigações Científicas, da Espanha, sofreu no último ano. Segundo a Polícia Militar, até o momento, a manifestação acontece de forma pacífica e não há registro de prisões ou apreensões. 
Dirigente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ, Marisa Araújo explicou que estudantes do mestrado e do doutorado são os mais afetados pela falta de dinheiro. "Com o corte de verbas os estudantes estão sem Assistência Estudantil, não tem bolsas para estágio. Os da Pós-Graduação sofrem mais porque eles não tem bolsas", afirmou.
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Graças as bolsas estudantis distribuídas pela UFRJ, Ana Clara Furtado, 19 anos, pode ingressar e se manter no curso de Relações Internacionais. "Sem elas, eu não seria capaz de sequer me mobilizar até lá, porque eu não tenho condições de pegar transporte público todo dia. Eu gasto mais de 400 reais de transporte por mês", contou a moradora de Belford Roxo, Baixada Fluminense.
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Para Ana Clara, estudar na segunda melhor universidade da América Latina, segundo mesmo levantamento espanhol, abriu portas que a surpreenderam. "Entrei em 2019, no primeiro semestre. Me impactou não apenas na questão de acessibilidade em espaços que eu nunca pensei em estar, como a própria universidade. Como sou da Baixada, a gente nunca espera que um dia consiga pisar em um ambiente federal, ainda mais estudar e ter uma educação de qualidade", pontuou.
Apesar dos quase sete mil casos confirmados de covid-19 em 24 horas no Rio de Janeiro, a estudante revela que não é do vírus que já vitimou 432.628 brasileiros que ela mais teme. "Medo do vírus todo mundo tem. Mas a gente tá com medo de passar fome, de não poder se formar, medo de não poder trabalhar um dia e poder sustentar as nossas famílias. Esses são os nossos medos", disse.
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Nas rede sociais, o vereador Chico Alencar (Psol) se posicionou contra o corte de verbas das universidades públicas. "Hoje foi dia de luta! Contra o desmonte do ensino superior, contra a asfixia das universidades públicas, contra a castração do pensamento crítico. É crime oficial dos que precisam da ignorância para se perpetuar no poder", criticou.
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Ministério da Economia libera parte da verba
Nesta quinta-feira, o Ministério da Economia liberou R$ 152 milhões do orçamento para a UFRJ. Apesar da quantia, isso representa apenas uma parte do dinheiro reservado para a UFRJ este ano, já que R$ 41,1 milhões continuam bloqueados. De acordo com a Associação de Docentes da UFRJ, mesmo com o orçamento liberado, o funcionamento da universidade só estaria garantido até setembro deste ano.
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"É uma primeira vitória, mas que não deve nos tirar do foco que é a recomposição do orçamento no mínimo para o valor de 2020", informou o pró-reitor de Planejamento e Finanças, professor Eduardo Raupp, ao AdUFRJ.