General Antônio Hamilton de Mourão fez críticas à intervenção no Rio de Janeiro e à classe política - WILTON JUNIOR / ESTADÃO
General Antônio Hamilton de Mourão fez críticas à intervenção no Rio de Janeiro e à classe políticaWILTON JUNIOR / ESTADÃO
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Rio - Novos tempos. Velhas táticas. Cinco dias após o anúncio da intervenção federal no Rio, tropas estaduais e federais voltaram a realizar uma grande operação com resultados pequenos.

Ainda sob o comando da Secretaria de Estado de Segurança (Seseg), policiais e militares das Forças Armadas fizeram a maior operação conjunta de combate ao crime no estado, desde julho de 2017, quando foi assinado o decreto presidencial de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para ações em apoio ao Plano Nacional de Segurança Pública no Rio de Janeiro. Apesar de empregar cerca de três mil homens, a ação teve resultado modesto: 11 suspeitos presos, cinco pistolas, um revólver e seis granadas apreendidas. Além de um caminhão, dois carros, quatro motos, várias peças de carros, grande quantidade de drogas e munições.

A Seseg informou, por e-mail, que a ação não está vinculada à intervenção federal decretada na última sexta-feira. O Comando Militar do Leste (CML), por sua vez, esclareceu, em nota, que o processo de intervenção está em fase de preparação. "A equipe que trabalhará diretamente com o interventor está sendo formada e será anunciada nos próximos dias". No comunicado, o CML destaca que os órgãos de Segurança Pública estadual seguem funcionando normalmente, sem, no entanto, mencionar que o ex-secretário de Segurança, Roberto Sá, pediu para sair na sexta-feira, tão logo a intervenção federal foi anunciada.

Soldados do Exército, Marinha e Aeronáutica, além de policiais civis e militares, agentes da Força Nacional de Segurança e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), montaram pontos de bloqueio e fiscalização nas divisas do Rio com São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Os acessos às comunidades do Salgueiro e Jardim Catarina, em São Gonçalo, e Chapadão-Pedreira, na Zona Norte, foram bloqueados. Operações de cerco, desobstrução de vias e ações de estabilização para cumprimento de mandados foram realizados nas comunidades Kelson's, Cidade Alta, Pica-Pau, Cinco Bocas e Tinta. Também Angra dos Reis e Paraty receberam tropas. "É a maior operação em termos de abrangência de espaço desde o início da GLO, porque ela vem desde as divisas do Rio com outros estados até as comunidades", explicou o coronel Roberto Itamar, porta-voz do CML.

'Mandado não pode ser genérico'
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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Torquato Jardim, classificou como impróprio o adjetivo coletivo, associado aos possíveis mandados de busca e apreensão que serão expedidos pela Justiça, dentro da estratégia de combate ao crime organizado no Rio, que será implementada a partir da intervenção federal na segurança do estado. "O 'coletivo' dá ideia de generalidade e mandado de busca e apreensão não pode ser genérico. A Constituição não permite", explicou o ministro.
Jardim esteve reunido, ontem, com magistrados no Tribunal de Justiça do Rio. Entretanto, ele não descartou o uso de referências geográficas nem tão precisas, como posição de GPS ou estabelecimento de um perímetro, para discriminar os mandados judiciais. "Nas zonas de maior conflito, não se tem nome de rua ou avenida. A urbanização é desorganizada", justificou.
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Com relação aos mandados de prisão, que podem trazer apenas o apelido do alvo, Jardim disse que alguns poderão conter número maior ou menor de pessoas, em razão dos objetivos.
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Votação do decreto passa pelo Senado
Após ter sido aprovada na Câmara dos Deputados, em votação de seis horas, a intervenção federal foi apreciada pelo Senado na noite de ontem. Até o fim desta edição, senadores ainda discutiam o tema. O relator do decreto, senador Eduardo Lopes (PRB-RJ), defendeu o remanejamento de recursos para que a operação de combate à violência no estado tenha eficácia. Após ser anunciado pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira, Lopes leu em plenário o parecer recomendando a aprovação do decreto.
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"Não dá para começar uma operação com esta magnitude e, no meio, a gente dizer que não alcançamos o que queríamos por falta de recursos. Se há um estado de exceção, então temos que dar todo empenho e sacrifício necessário para realizar este trabalho", afirmou Lopes, cuja base eleitoral é do Rio, a exemplo da relatora da votação de segunda na Câmara, deputada Laura Carneiro (MDB).
Ontem, em Itaguaí, o governador Pezão esteve com o presidente Michel Temer para dar início à montagem do primeiro submarino convencional do país. "Só ganhamos a guerra da segurança com carteira de trabalho assinada", afirmou Pezão.
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