Agência de Notícias - Parceiro - Criminosos armados invadiram uma agência do banco Santander e fizeram alguns clientes reféns, em uma tentativa de assalto em Madureira, na Zona Norte do Rio, nesta sexta(02). Foto: Fausto Maia/Parceiro/Agência O Dia - Fausto Maia/Parceiro/Agência O Dia
Agência de Notícias - Parceiro - Criminosos armados invadiram uma agência do banco Santander e fizeram alguns clientes reféns, em uma tentativa de assalto em Madureira, na Zona Norte do Rio, nesta sexta(02). Foto: Fausto Maia/Parceiro/Agência O DiaFausto Maia/Parceiro/Agência O Dia
Por O Dia

Rio - Um assalto com reféns em uma agência do banco Santander, na Rua Maria Freitas, em Madureira, Zona Norte do Rio, terminou com dois mortos e quatro bandidos presos, nesta sexta-feira. Com eles, foram apreendidos 4 pistolas e 3 revólveres. Segundo a Polícia Militar, o sequestro começou por volta de 15h30 e acabou às 19h10. O quinto suspeito e um PM reformado morreram na troca de tiros entre os criminosos e vigilantes do banco. Inicialmente, PMs do 9º BPM (Rocha Miranda) foram acionados para a ocorrência. Após negociações, militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) libertaram 36 reféns. 

Policiais prendem bandidos dentro de agência bancária - Divulgação/Polícia Militar

O subtenente Ubirajara Pereira dos Santos estava no banco como cliente. Ele é o 22º policial morto este ano. O bandido morto ainda não foi identificado. Outro cliente foi baleado na bacia. Fabio Elias Martins, 35 anos, foi encaminhado ao Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes, medicado e liberado. 

Segundo a mulher de Fabio, que se identificou apenas como Gessiane, ela e o marido estavam na boca do caixa do Santander quando ouviram disparos. "Ouvimos muitos tiros. Não conseguimos ver se os bandidos já chegaram atirando. Meu marido se jogou em cima de mim para me proteger. E de repente começou a dizer: 'Amor, tá ardendo. Tá ardendo. Acho que fui baleado'", contou Gessiane.

A doméstica Jurema Inácio da Silva Lima, 70 anos, moradora de Marechal Hermes, também estava no banco. "Só corri, me escondi num canto e depois no banheiro, com mais cinco pessoas. Nós ficamos sozinhos. Ouvimos os gritos deles falando. Na hora fiquei rezando, pedindo a Deus pra salvar a gente ali dentro. Só saímos quando a polícia mandou a gente sair. Na hora que ele (bandido) bateu na porta, perguntando se tinha soldado lá dentro, se tinha policial lá dentro, a gente falou que não ele foi embora, não falou mais nada e deixou a gente lá. Ficamos o tempo todo no banheiro".

Assalto a banco com reféns em Madureira - Alexandre Brum

A tia do  bancário Diego Ferreira Soares, 33 anos, Ercília Rosa, 49, estava no banco.

"Fiquei sabendo porque ela ligou do segundo andar. Ela estava trancada dentro do banheiro. Ela me disse que estava sentindo dores no peito, ma que estava tudo bem, pois estava trancada dentro do banheiro. Ela me contou que estava fazendo os trâmites bancários e, do nada, ocorreu um tiroteio. Os bandidos mandaram que ela entrasse no banheiro. O Rio de Janeiro está muito complicado, mas tenho certeza que a polícia está fazendo o melhor. Eles matam um leão por dia. Conheço o trabalho da polícia. Tenho familiares que trabalham na PM e na Polícia Civil também", desabafou.

O autônomo César Vinicius Farias de Oliveira, 34 anos, estava na agência para pagar uma conta. "Estava sentado na escada e escutei umas vozes, gente descendo. Escutei os tiros em seguida. Depois eu corri e só deu tempo de me esconder no terceiro andar e não ouvi mais nada. Não sabia quantos eram, nada. Nós ficamos em uma sala lá em cima e nos trancamos. Ficamos em 22 pessoas. Depois que acabou, os policiais nos resgaram e escoltaram", contou ele.

Weder Júnior, também refém, estava de muleta e tinha ido buscar o auxílio-doença no banco. "Quando os bandidos desceram a escada, nós subimos. Ficamos no terceiro andar escondidos, perto do almoxarifado. Alguns clientes subiram, mas a maioria ficou no térreo", disse. Ele confirmou a dinâmica do assalto, relatada por Jurema.

O tenente-coronel Alex Beneveluto, do Bope, comentou o caso. "Infelizmente, um colega foi ferido e faleceu. A negociação progrediu muito rápido em comparação com outras ocorrências. O 9º BPM fez o cerco da maneira correta, acionou o Bope, os negociadores chegaram muito rápido aqui e a negociação foi veloz. Garantimos aos sequestradores que os direitos deles iram ser garantido. Algumas pessoas foram liberadas por causa de idade ou gravidez. Elas se sentiram mal e foram atendidas pelos próprios paramédicos da Polícia Militar. A Polícia Civil vai checar se o morto faz parte do bando", explicou Beneveluto.

Reféns libertados foram atendidos por paramédicos do Bope - Divulgação/Polícia Militar

Em nota, o banco Santander lamentou "profundamente" o ocorrido e informou que está prestando apoiou aos clientes e funcionários. O interventor General Braga Netto disse que não vai se pronunciar sobre o ocorrido. O caso será registrado na Delegacia de Homicídios (DH).

A página "Onde Tem Tiroteio RJ" publicou um vídeo onde é possível ouvir diversos disparos. Mais cedo, a página "Madureira News RJ" divulgou um vídeo dos primeiros reféns sendo liberados. Outro vídeo, divulgado pela PM no Twitter, mostra os criminosos se rendendo. Confira:

 

Grupo do Bope é treinado para negociar

Os policias do Bope que foram acionados para o local são da Unidade de Intervenção Tática (UIT), um grupo do batalhão que não vai para favelas ou operações rotineiras. Ficam na unidade à espera de um acionamento especial, como a negociação dos reféns.

Assim, são capazes negociar por horas, já que estão descansados e recebem treinamento voltado somente para conseguir acalmar criminosos e suicidas.

"A ação de resgate de reféns é muito delicada, por isso tem que ter um trabalho especial. Hoje a gente pode ver uma tipologia conhecida como criminoso comum, que é aquele criminoso que tem a ação cercada pela polícia. Ele se vê cercado e seu único objetivo passa a ser viver", afirmou o porta-voz da Polícia Militar, major Ivan Blaz.

Um oficial da UIT foi quem fez a interlocução com os criminosos. Em um vídeo, divulgado pelo Twitter da PM, esse policial aparece acalmando um dos suspeitos, chamado Saulo. "O papel do negociador nesses casos é conscientizar o marginal de que ele está cercado, não conseguirá fugir. E, para conseguir esse objetivo é indicado que se use familiares dos criminosos". Foram ao local as mulheres de dois bandidos e as irmãs de outros dois.

 

Reportagem de Bruna Fantti, Gustavo Ribeiro e Karilayn Areias

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